Turquia sugere que França encobriu morte de Khashoggi por dinheiro
O governo da Turquia sugeriu nesta segunda-feira (12) que a França está tentando encobrir o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi para proteger interesses econômicos com a Arábia Saudita.
"Não se surpreendam se negarem o assassinato de Khashoggi, que inclusive a Arábia Saudita reconheceu. Maldito dinheiro. Segui de perto quem está fechando esse tipo de acordo recentemente", acusou o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu.
A declaração foi uma resposta ao chanceler da França, Jean-Yves Le Drian, que negou ter recebido um áudio relacionado à morte do jornalista do governo turco. Le Drian acusou o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, de tornar o caso em um "jogo político".
"Dá muito o que pensar que o ministro de Relações Exteriores da França faça uma acusação deste tipo, tão desrespeitosa. O que há por trás disso? Me pergunto se querem esconder o assassinato. Vamos acompanhar isso", afirmou Çavusoglu.
Erdogan afirmou no sábado que o governo turco compartilhou gravações do caso Kashoggi com países como Arábia Saudita, Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido. Le Drien negou o envio das informações e acusou Erdogan de estar fazendo política com o caso.
Çavusoglu chamou o ministro francês de "mal-educado" e considerou que ele "cruzou uma linha" com as declarações sobre as gravações.
Segundo o chanceler turco, os áudios provam que Khashoggi foi morto por agentes sauditas no consulado do país em Istambul. O crime teria ocorrido no dia 2 de outubro, quando Khashoggi foi visto pela última vez, entrando no consulado para buscar documentos.
Para Çavusoglu, outros países e políticos poderiam seguir o caminho dos franceses e negar o assassinato nos próximos dias.
Por outro lado, contrariando a declaração de Le Drian, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou que os serviços de inteligência do país ouviram o áudio do assassinato do jornalista no consultado saudita em Istambul.