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Internacional

Funcionários da Boeing conheciam falhas nos simuladores do 737-MAX

Empresa disponibilizou ao Congresso dos EUA mensagens de texto
RTP
Publicado em 10/01/2020 - 08:23
Washington
A nova aeronave da SilkAir, o Boeing 737 Max 8, fica na pista do aeroporto de Changi em Cingapura,  REUTERS/Edgar Su/diritos reservados
© REUTERS/Edgar Su/Direitos reservados

A Boeing disponibilizou ao Congresso dos Estados Unidos mensagens de texto em que funcionários fazem críticas ao processo de certificação do modelo 737 MAX e ao regulador de aviação norte-americano.

Nas mensagens, consultadas pela agência France-Presse (AFP), os pilotos falam de falhas nos simuladores do aparelho, que poderiam estar na origem de dois trágicos acidentes em 2018 e 2019, na Indonésia e Etiópia, que provocaram 346 mortos.

"Este avião é desenhado por palhaços, que por sua vez são supervisionados por macacos", lê-se numa mensagem datada de 2017, numa aparente referência à Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla inglesa).

Em outra mensagem, um funcionário admite a um colega que não deixaria a família voar numa aeronave 737 Max.

"Ainda não fui perdoado por Deus pelo que escondi no ano passado", escreveu outro funcionário, em mensagem datada de 2018.

Essas mensagens, consultadas pela AFP, foram disponibilizadas por congressistas norte-americanos que investigam o processo de certificação do 737 MAX, na origem de dois trágicos acidentes, que deixaram 346 mortos e levaram a Boeing à mais grave crise de sua história.

"Algumas dessas comunicações dizem respeito ao desenvolvimento e à qualificação dos simuladores Boeing 737 MAX, em 2017 e 2018", esclareceu a empresa.

A Boeing alega ter divulgado as mensagens devido ao seu compromisso com a transparência.

"Essas comunicações não refletem a empresa que somos e que precisamos ser, e são completamente inaceitáveis", afirmou a companhia em comunicado.

No fim de dezembro, o presidente executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, foi afastado do cargo devido a tensões com a reguladora, sendo substituído por David Calhoun.

Peter DeFazio, do Comitê dos Transportes da Câmara dos Representantes - que investiga o 737 MAX – argumenta que as comunicações “mostram um esforço concertado, datado dos primeiros dias do programa do 737 MAX, para esconder informação crítica dos reguladores e do público”.

A FAA, o regulador da aviação nos EUA, disse que “qualquer deficiência potencial identificada nos documentos foi tratada”. No entanto, admite que o tom e o conteúdo das mensagens são decepcionantes.

A Boeing está redesenhando o sistema de controle automático, que pode estar entre as causas dos dois acidentes do ano passado.

*Emissora pública de televisão de Portugal