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Internacional

Johnson anuncia revisão das políticas externa e de defesa, pós-Brexit

RTP – Emissora pública de televisão de Portugal
Publicado em 26/02/2020 - 15:01
Lisboa
Britain's Prime Minister Boris Johnson waves as he leaves Downing Street on his way to Buckingham Palace after the general election in London, Britain, December 13, 2019. REUTERS/Dylan Martinez
© DYLAN MARTINEZ
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou uma grande revisão da política externa e da defesa do país, após a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit). A intenção é determinar uma estratégia de segurança nacional para a Grã-Bretanha nos próximos cinco anos.

Esta revisão vai ocorrer ao longo de seis meses e será mais um passo na afirmação do controle de Boris Johnson, após a polêmica reforma do gabinete. As questões-chave serão redefinir as relações do Reino Unido com aliados e desenvolver recursos cibernéticos.

Vai assumir a liderança Alex Ellis, um funcionário público, com a ajuda de Dominic Cummings, um político britânico que tem sido um crítico dos gastos excessivos do Ministério da Defesa e dos métodos da BAE Systems.

Embora Ellis vá trabalhar diretamente com Mark Sedwill, o secretário do gabinete e o funcionário público mais poderoso da Grã-Bretanha, os termos da revisão deixaram claro que também iriam envolver “uma pequena equipe em Downing Street composta por especialistas de dentro e fora do serviço público”.

As revisões de defesa e segurança ocorrem a cada cinco anos. Contudo, esta será diferente. Isto porque levará em consideração as necessidades da política externa do país no momento em que o Reino Unido acabou de deixar a União Europeia.

“Eles precisam de lidar com uma crescente incerteza sobre nosso relacionamento de longo prazo com a Europa, por um lado, e se podemos confiar nos Estados Unidos de Donald Trump, por outro”, referiu Malcolm Chalmers, professor do Instituto Real dos Serviços Unidos (Rusi).

Críticas

No centro da questão está o fato de o governo britânico estar permitindo que a revisão seja executada simultaneamente com a abrangente revisão de gastos. Segundo alguns peritos, isto significa que qualquer uma de conclusões seria limitada por restrições financeiras mais amplas.

“A abordagem anunciada corre o risco de as decisões sobre a estratégia de política externa serem superadas por preocupações financeiras de curto prazo", disse Alan Mendoza, diretor-executivo da Henry Jackson Society, um instituto britânico de investigação em política externa.

O Ministério das Relações Externas, o Ministério da Defesa e outros departamentos e agências do Governo vão fazer parte da equipa de revisão central, enquanto as decisões finais vão ser feitas pelo Conselho de Segurança Nacional, um grupo de ministros liderados pelo primeiro-ministro.

Uma das questões a considerar será até que ponto o Reino Unido deseja desenvolver uma capacidade integrada de hackers ofensivos depois das guerras entre o Ministério da Defesa e o Government Communications Headquarters.

Será analisado também o modo como o Ministério da Defesa e os serviços de informações compram equipamentos, uma resposta a Cummings, que não escondeu as suas críticas ao orçamento de defesa.

A revisão anterior que ocorreu em 2015 tentou concentrar os gastos no combate ao Estado Islâmico e outras organizações terroristas não estatais. Porém, os envolvidos disseram que a capacidade militar convencional da Rússia foi subestimada, o que permitiu que o Kremlin se tornasse um participante importante na guerra civil síria.