Em greve de fome, opositor russo Navalny será transferido a hospital
Médicos russos decidiram transferir Alexei Navalny, principal líder de oposição da Rússia, a um hospital. A informação foi dada pela autoridade prisional do país nesta segunda-feira (19), 20 dias depois de Navalny ter iniciado uma greve de fome que provocou alertas internacionais sobre consequências caso ele morra encarcerado.
Aliados do opositor, que não têm contato com ele desde a semana passada, disseram que estão preparados para más notícias sobre sua saúde e planejam manifestações nacionais em massa no fim desta semana.
O caso de Navalny isola Moscou ainda mais, depois que o governo dos Estados Unidos adotou sanções econômicas mais duras contra a Rússia e a República Tcheca.
O serviço penitenciário russo informou, em comunicado, a decisão de transferir Navalny, de 44 anos, a um hospital prisional regional, mas não deixou claro se a transferência já ocorreu. Acrescentou que seu estado é "satisfatório" e que ele consentiu em receber uma "terapia de vitaminas".
Ivan Zhdanov, chefe da Fundação Anticorrupção de Navalny, classificou a ação como "uma transferência para a mesma colônia de tortura, só que com um hospital maior, para onde eles levam pessoas gravemente doentes".
"Então só se pode entender que a situação de Navalny piorou, e piorou de tal maneira que até o torturador o admite", disse Zhdanov no Twitter.
Navalny, ativista anticorrupção que conquistou fama com vídeos viralizados que catalogam a riqueza acumulada por autoridades russas de alto escalão, que ele rotula de "trapaceiros e ladrões", está cumprindo pena de dois anos e meio por acusações antigas de apropriação indevida que ele chama de fabricadas.
Ele foi preso ao voltar à Rússia em janeiro, depois de se recuperar na Alemanha do que autoridades daquele país disseram ter sido um envenenamento com um agente nervoso russo proibido, o que ele e governos ocidentais qualificaram como tentativa de assassinato. O Kremlin nega qualquer culpa.
Navalny entrou em greve de fome no dia 31 de março para protestar contra o que ele disse ser uma recusa das autoridades prisionais de lhe proporcionar tratamento para dores na perna e nas costas. A Rússia diz que ele é bem tratado e que exagera suas doenças para chamar atenção.
* Com informações de Anton Zverev - Repórter da Reuters