Governo venezuelano diz que vai retomar diálogo com oposição
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou hoje (8) que vai restabelecer o diálogo com a oposição, suspenso desde outubro de 2021, para facilitar a recuperação econômica e contribuir para a estabilidade do país.
"Decidimos reativar o processo de diálogo nacional com todos os setores políticos, econômicos e religiosos. Vamos reformar o processo de diálogo nacional,[para que seja mais inclusivo e mais amplo", disse Maduro.
O chefe de Estado falou à televisão estatal venezuelana após reunião de trabalho com o Estado-Maior, os vice-presidentes venezuelanos e o ministro das Relações Exteriores, Félix Pasencia, no palácio presidencial de Miraflores.
"Esse diálogo deve prover todas as garantias políticas para os próximos anos. Vamos dinamizar o processo de diálogo político para um encontro com todos os setores", afirmou.
O presidente da Venezuela referiu-se ainda à visita, durante o fim de semana, de uma delegação norte-americana a Caracas, para falar de temas energéticos, que considerou ter sido "cordial e muito diplomática".
Sem avançar com detalhes sobre os temas abordados, explicou que esteve acompanhado, na reunião, pelo presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, e pela primeira-dama, Cília Flores.
"Chegamos a um acordo para trabalhar em agenda para o futuro. Achei muito importante falar cara a cara sobre questões de interesse da Venezuela e do mundo", acrescentou.
Nicolás Maduro manifestou preocupação com a possibilidade de que o conflito entre Rússia e Ucrânia desencadeie uma guerra que envolva toda a Europa e se expanda pelo resto do mundo.
Em 17 de outubro de 2021, o governo venezuelano suspendeu as negociações com a oposição, que decorriam desde agosto de 2021 no México, com mediação da Noruega.
A suspensão ocorreu um dia após a extradição, de Cabo Verde para os Estados Unidos (EUA), do empresário colombiano Alex Saab, considerado testa de ferro de Maduro.
Em 28 de fevereiro, Nicolás Maduro denunciou falhas e desvios no processo judicial contra Saab nos Estados Unidos.
"Sua imunidade diplomática e direitos humanos, sua própria integridade física foram cruel e sistematicamente violados. O processo em um tribunal norte-americano está cheio de graves falhas e distorções aberrantes", disse o governante.
Alex Saab, de 49 anos, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas em 12 de junho de 2020, durante escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, ilha do Sal, com base em mandado de captura internacional emitido pelos EUA.
Saab viajava para o Irã, com passaporte diplomático, como enviado especial do governo venezuelano.
A detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime do presidente Nicolás Maduro, que alega suas funções diplomáticas, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.
Washington pediu a extradição, acusando-o de "lavar" US$ 350 milhões para pagar atos de corrupção do presidente venezuelano, por meio do sistema financeiro norte-americano.
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