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Internacional

Papa diz que aumento de gastos com defesa após Ucrânia é "loucura"

Ele defende solução diferente para equilibrar poder mundial
Philip Pullella - Repórter da Agência Brasil*
Publicado em 25/03/2022 - 07:57
Cidade do Vaticano
Papa Francisco durante audiência geral semanal no Vaticano
© Reuters/Direitos Reservados
Reuters

O papa Francisco classificou, nessa quinta-feira (24), o aumento dos gastos de países ocidentais com defesa, após a invasão russa da Ucrânia, como "loucura". Para ele, uma solução deve ser encontrada para equilibrar o poder mundial.

Francisco afirmou a uma coalizão de mulheres que o conflito na Ucrânia é produto da "velha lógica de poder que ainda domina a chamada geopolítica".

Segundo ele, a verdadeira resposta não está em mais armas e mais sanções.

"Fiquei envergonhado quando li que um grupo de Estados se comprometeu a gastar 2% do Produto Interno Bruto [PIB] na aquisição de armas como resposta ao que está acontecendo agora. Loucura", disse Francisco.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) tem a meta de 2% do PIB de cada Estado-membro para gastar em defesa. Muitos ficaram aquém nos últimos anos, causando contrariedade aos Estados Unidos.

A Alemanha anunciou, no mês passado, que aumentaria drasticamente os gastos com defesa para mais de 2% do PIB, em uma mudança de política provocada pelo conflito na Ucrânia.

Uma das maiores potências militares da Europa, a França disse que atingirá a meta de gastos de 2% da Otan, pretendida pelos Estados Unidos neste ano. Outros países europeus também decidiram aumentar os gastos em vários níveis. A Itália está no meio de acalorado debate político sobre os aumentos propostos.

Francisco defendeu "uma maneira diferente de governar o mundo globalizado, não mostrando os dentes, como é feito agora, mas estruturando as relações internacionais".

Ele não fez nenhuma sugestão sobre como isso poderia ser feito.

Desde o início da guerra, o papa tem criticado implicitamente Moscou, condenando o que chama de "agressão injustificada" e denunciando "atrocidades", mas não citando a Rússia especificamente.

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