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Internacional

Ucrânia diz que 50 morreram em ataque a estação ferroviária

Local estava lotado de civis em fuga
Natalia Zinets e Pavel Polityuk - Repórtes da Reuters
Publicado em 08/04/2022 - 16:44
Lviv
Malas de pessoas em meio a marcas de sangue após ataque a uma estação de trem em  Kramatorsk, na Ucrânia
© Ministério da Defesa da Ucrânia/via REUTERS/Direitos reservados

 A Ucrânia disse que ao menos 50 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas, nesta sexta-feira (8), em um ataque com mísseis a uma estação ferroviária lotada de civis em fuga de um agravamento da ofensiva russa sobre o leste do país.

Autoridades disseram que muitos dos feridos perderam membros e estavam sendo operados após o ataque na cidade de Kramatorsk, classificado pelo presidente ucraniano, Volodymr Zelenskiy, como um ataque deliberado contra civis usando um míssil balístico de curto alcance Tochka U.

"Sem força e coragem para nos enfrentar no campo de batalha, eles estão cinicamente destruindo a população civil", afirmou Zelenskiy em comunicado. "Este é um mal que não tem limites. E se não for punido, nunca vai parar."

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, e o ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, criticaram o ataque.

A diretora de comunicações da Casa Branca, Kate Bedingfield, disse que há “evidências crescentes de que as forças russas estão cometendo crimes de guerra na Ucrânia”, e a embaixada dos Estados Unidos na Ucrânia denunciou o fato como “mais uma atrocidade cometida pela Rússia na Ucrânia”.

Zelenskiy disse mais tarde em um discurso em vídeo ao Parlamento da Finlândia que nenhuma tropa ucraniana estava na estação no momento do ataque.

A Reuters não pôde verificar o que aconteceu na estação.

O Ministério da Defesa russo disse, segundo a agência de notícias RIA, que os mísseis que teriam atingido a estação eram usados ​​apenas por militares da Ucrânia e que as Forças Armadas da Rússia não tinham alvos designados em Kramatorsk nesta sexta-feira.

O governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, disse que as forças russas dispararam um míssil Tochka contendo munições cluster, mas não compartilhou quais evidências ele tinha disso. A Reuters não conseguiu verificar imediatamente a alegação.

A Rússia negou anteriormente o uso de munições cluster na Ucrânia.

Proibidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) sob uma convenção internacional de 2008 da qual a Rússia não faz parte, as munições cluster são compostas de uma cápsula que explode no ar, dispersando dezenas ou até centenas de "bombas" menores em uma ampla área.

Pânico e medo

O prefeito de Kramatorsk, Oleksander Honcharenko, disse que cerca de 4 mil pessoas estavam na estação no momento do ataque. Pelo menos quatro dos mortos eram crianças.

"Algumas pessoas perderam perna, outras braço. Agora estão recebendo assistência médica. Os hospitais estão realizando cerca de 40 operações simultaneamente", disse o prefeito em um briefing online.

O governador Kyrylenko publicou uma fotografia online mostrando vários corpos no chão ao lado de malas e outras bagagens. Policiais armados vestindo coletes à prova de balas estavam ao lado deles.

Outra foto mostrava serviços de resgate combatendo o que parecia ser um incêndio, com uma nuvem de fumaça cinza subindo no ar.

"Os rashists ('fascistas russos') sabiam muito bem para onde estavam mirando e o que queriam: queriam semear pânico e medo, queriam levar o maior número possível de civis", escreveu o governador em um post online.

A Reuters não pôde verificar imediatamente as fotos.

"Eles (as forças russas) queriam atingir a estação", disse o prefeito Honcharenko, opinião compartilhada pelo assessor presidencial Oleksiy Arestovych.

Três trens que transportam pessoas em fuga foram bloqueados na mesma região da Ucrânia na quinta-feira (7), após um ataque aéreo à linha ferroviária, de acordo com o chefe de ferrovias ucraniana.

Autoridades ucranianas dizem que as forças russas estão se reagrupando para uma nova ofensiva e que Moscou planeja tomar o máximo de território possível na parte leste da Ucrânia, conhecida como Donbass, na fronteira com a Rússia.

Autoridades locais em algumas áreas têm pedido aos civis que saiam enquanto ainda é possível e relativamente seguro fazê-lo.

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