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Internacional

Soldado russo julgado por crime de guerra diz que não queria matar

Se condenado, Vadim Shishimarin pode pegar prisão perpétua
Pavel Polityuk e Tom Balmforth – Repórteres da Reuters
Publicado em 20/05/2022 - 15:08
Kiev
Soldado russo Vadim Shishimarin durante audiência em tribunal em Kiev, na Ucrânia
© REUTERS/Viacheslav Ratynskyi

Um soldado russo de 21 anos disse a um tribunal, nesta sexta-feira (20), que não queria matar um civil desarmado e que se arrependeu sinceramente, ao proferir suas palavras finais no primeiro julgamento de crimes de guerra envolvendo a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro.

Vadim Shishimarin, comandante de tanques, se declarou culpado de matar Oleksandr Shelipov, um civil de 62 anos, na vila de Chupakhivka, no Nordeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro.

"Eu me arrependo sinceramente. Eu estava nervoso no momento, eu não queria matar... foi assim que aconteceu", disse Shishimarin.

Shishimarin é acusado de disparar vários tiros com um rifle na cabeça de um civil a partir de um carro, depois de receber ordens para fazê-lo.

O advogado de defesa Viktor Ovsiannikov disse ao tribunal que Shishimarin só disparou depois de duas vezes se recusar a cumprir a ordem de atirar e que apenas um dos três a quatro tiros atingiu o homem.

Ele disse que Shishimarin disparou por medo de sua própria segurança e questionou se o réu pretendia matar.

"Ele estava sentado na janela de um carro... o carro estava se movendo em alta velocidade com um pneu furado", disse Ovsiannikov.

"Concluo que Shishimarin disparou tiros aleatórios e não pretendia matar o civil, e que executou a ordem não com o objetivo de matar a pessoa, mas formalmente, com a esperança de que [os projéteis] não atingissem", afirmou.

O promotor Andriy Synyuk disse que os argumentos não mudaram a essência do caso.

"O tribunal analisará todas as provas e anunciará sua decisão. Os argumentos da defesa de forma alguma refutam o que demos e não refutam... a culpa do próprio Shishimarin", disse o promotor.

O juiz pode proferir um veredicto na segunda-feira (23), quando o tribunal se reunir novamente. O promotor pediu prisão perpétua.

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