Chanceler: Putin tem de abandonar plano de conquista para negociar paz
O chanceler alemão, Olaf Scholz, reiterou hoje (21) que a Rússia tem de abandonar quaisquer planos de conquista da Ucrânia e respeitar a vontade dos ucranianos para ser possível negociar o fim da guerra.
"Não aceitaremos uma paz que o governo, o Parlamento e o povo da Ucrânia não possam aceitar", disse Scholz, durante encontro com cidadãos por ocasião do dia de abertura da Chancelaria em Berlim, segundo a agência espanhola EFE.
Ele afirmou que o presidente russo iniciou o conflito com a "clara intenção" de anexar o país vizinho, em parte ou na totalidade.
Com a invasão iniciada em 24 de fevereiro, Putin rompeu um acordo de décadas na Europa, de não alterar as fronteiras pela força, disse o chefe do governo alemão.
Scholz observou que a Rússia deve compreender que as sanções ocidentais não serão retiradas enquanto não for alcançado um "acordo justo" com a Ucrânia.
"Mas, ainda não estamos lá", afirmou o dirigente social-democrata, que lidera um executivo de coligação com os verdes e os liberais.
Scholz disse também que continuará a falar com Putin, embora reconhecendo que as conversas com o líder russo são complicadas, mesmo que não sejam realizadas em "mesas de sete metros de comprimento", mas sim por telefone.
"É preciso ser claro e não ser intimidado", disse, depois de se referir à mesa longa que Putin tem usado em encontros com dirigentes ocidentais.
À pergunta de um participante do encontro, se a guerra não poderia ter sido evitada com uma posição menos beligerante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Scholz disse que Putin já tinha planejado a invasão da Ucrânia pelo menos há um ou dois anos.
O chanceler alemão lembrou que, em sua última conversa com Putin, disse que o presidente russo sabia que a adesão da Ucrânia à Otan não estava na ordem do dia.
Acrescentou que repetiu essa mensagem na entrevista após o encontro, para que a Rússia não a usasse como argumento para a guerra.
"Com o presidente ucraniano, tínhamos um acordo sobre o caminho que teria levado à dissolução dessa preocupação". Para Scholz, tudo foi ultrapassado com o início da guerra. "A Otan nunca foi uma ameaça para a Rússia", afirmou.
Segundo o chanceler, não havia qualquer motivo para a guerra, além da declaração pública de Putin de que a Bielorrússia e a Ucrânia não são Estados reais, e devem pertencer à Rússia, algo que qualificou como "totalmente absurdo".
A guerra mostrou a dependência europeia da energia russa, incluindo a Alemanha, que cancelou a entrada em funcionamento do segundo gasoduto direto com a Rússia após a invasão da Ucrânia.
Recentemente, Scholz defendeu que a redução da dependência de gás russo passa por um gasoduto a partir de Portugal, por meio da Espanha e França, para o resto da Europa.
A poucos dias de completar seis meses, não se sabe o número de baixas civis e militares no conflito, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que é elevado.
A guerra provocou também 12 milhões de refugiados e de deslocados internos.
A União Europeia e países como os Estados Unidos, o Reino Unido ou o Japão têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos e fornecido armas à Ucrânia.
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