Putin deve assinar decretos sobre anexação de regiões da Ucrânia
O presidente russo, Vladimir Putin, deve sediar uma cerimônia no Kremlin na sexta-feira (29), anexando quatro regiões da Ucrânia, enquanto seu colega ucraniano disse que Putin teria que ser detido para que a Rússia evite as consequências mais prejudiciais da guerra.
Também houve um alerta do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, que disse que as anexações planejadas são uma "escalada perigosa" e comprometem as perspectivas de paz.
Putin dobrou a aposta na invasão que ordenou em fevereiro, apesar de sofrer uma grande reversão no campo de batalha neste mês e o descontentamento dentro da Rússia por uma "mobilização parcial" amplamente criticada que prevê o recrutamento de milhares de homens para lutar na Ucrânia.
"O custo de uma pessoa na Rússia querer continuar esta guerra é que a sociedade russa ficará sem uma economia normal, uma vida digna ou qualquer respeito pelos valores humanitários", disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy em um discurso na noite de quinta-feira (28).
"Isso ainda pode ser impedido. Mas, para isso, temos que deter aquela pessoa na Rússia que quer mais a guerra do que a vida. Suas vidas, cidadãos da Rússia", disse Zelenskiy, que anteriormente falou sobre a entregar uma reação "muito dura" da Ucrânia ao reconhecimento russo dos resultados do chamado referendo.
Moscou planeja anexar províncias do leste e do sul após o que a Ucrânia e os países ocidentais disseram ser votações falsas, encenadas sob a mira de armas nas áreas ocupadas pelos russos de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. O território controlado pela Rússia equivale a mais de 90.000 quilômetros quadrados, ou cerca de 15% da área total da Ucrânia - área do tamanho da Hungria ou de Portugal.
Putin assinou nessa quinta-feira decretos reconhecendo a independência de Kherson e Zaporizhzhia, um passo intermediário que abre caminho para que as regiões sejam formalmente anexadas à Rússia. Os decretos foram tornados públicos pelo Kremlin.
Zelenskiy prometeu uma forte resposta às anexações e convocou seus chefes de defesa e segurança para uma reunião de emergência na sexta-feira, onde "decisões fundamentais" serão tomadas, disse uma autoridade.
Na véspera da cerimônia planejada no Salão Georgievsky do Grande Palácio do Kremlin e de um concerto na Praça Vermelha, Putin disse que "todos os erros" cometidos em uma convocação anunciada na semana passada devem ser corrigidos, em seu primeiro reconhecimento público de que o processo de mobilização não correu bem.
Milhares de homens fugiram da Rússia para evitar o recrutamento, que foi anunciado como o alistamento daqueles com experiência militar e especialidades exigidas, mas que muitas vezes parece alheio ao histórico de serviço, saúde, status de estudante ou mesmo idade dos indivíduos.
No evento de sexta-feira, Putin fará um discurso, conhecerá líderes da autodenominada República Popular de Donetsk (DNR) e da República Popular de Luhansk (LNR) e os líderes russos instalados das partes de Kherson e Zaporizhzhia que as forças russas ocupam.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não disse se Putin compareceria ao concerto na Praça Vermelha, já que fez um evento semelhante em 2014, depois que a Rússia proclamou que havia anexado a região da Crimeia, na Ucrânia.
Um palco foi montado na praça de Moscou com telas de vídeo gigantes e outdoors proclamando as quatro áreas como parte da Rússia.
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