Ucrânia pede programa de ajuda personalizado ao FMI e ao Banco Mundial
A Ucrânia pressionará por pacotes sem precedentes e sob medida do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial no valor de dezenas de bilhões de dólares nas próximas semanas para fortalecer suas finanças devastadas pela guerra, disse à Reuters Yuriy Butsa, o principal chefe de gestão da dívida do país.
A estimativa deste mês é de que o orçamento ucraniano enfrentará um déficit de US$ 38 bilhões no próximo ano, dinheiro que precisará vir de apoiadores ocidentais e multilaterais ou então ser impresso. Esses apoiadores ocidentais e multilaterais já devem fornecer cerca de US$ 20 bilhões neste ano.
O FMI parece pronto para dar um impulso ao permitir que os países penalizados pelos aumentos globais dos preços dos alimentos - um grupo que inclui a Ucrânia - retirem mais dinheiro de sua principal linha de financiamento rápido.
O objetivo de Kiev, porém, é um programa completo do FMI que forneça dinheiro e segurança suficientes para mantê-lo pelos próximos anos.
"Temos um debate muito acalorado com o FMI sobre quais seriam as precondições para isso", disse Yuriy Butsa, comissário do governo para gestão da dívida pública. Ele explica que a incerteza sobre a duração e o impacto da guerra na economia do país tornou difícil concordar sobre parâmetros com o FMI.
"Não tenho certeza se as ferramentas padrão do FMI são realmente projetadas para esse tipo de situação", acrescentou. "Eles provavelmente precisam introduzir um pouco de pensamento criativo". Ele destacou que a última vez que a Europa viu uma guerra dessa magnitude, o FMI não havia sido criado.
Fundo de recuperação
A maior fonte de financiamento da Ucrânia é seu próprio banco central, que já teve de imprimir o equivalente a mais de US$ 10 bilhões em grívnia, a moeda ucraniana.
"Se não estivermos lá em termos de financiamento, teremos que contar com o financiamento monetário como neste ano", afirmou Butsa. "Teremos muitos problemas depois da guerra para resolver, não queremos criar outro como a hiperinflação para combater."
A inflação no país está atualmente em torno de 23%.
Os custos de reconstrução do pós-guerra também se acumulam. Eles já são estimados pelo Banco Mundial em mais de US$ 350 bilhões, mas o governo quer que US$ 17 bilhões sejam disponibilizados rapidamente para reparar a infraestrutura-chave para que milhões de pessoas que fugiram da guerra possam retornar.
Butsa disse que está em discussões com o Banco Mundial sobre uma ferramenta especial para esse dinheiro, em que outros, inclusive doadores privados, também possam contribuir. O governo está fotografando os danos para que os doadores possam escolher para quais projetos seu dinheiro irá.
"Nós chamamos isso de [fundo de] recuperação rápida para sobrevivência", afirmou. "É realmente muito crucial para nós sermos rápidos com isso porque há cidades onde não é seguro viver durante o inverno porque não há aquecimento central."
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