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Internacional

Com 44 países, Comunidade Política Europeia faz reunião sem a Rússia

Primeira cúpula do novo grupo destaca isolamento de Moscou
Sabine Siebold e Jan Lopatka e Michel Rose – Repórteres da Reuters*
Publicado em 06/10/2022 - 20:47
Praga
O presidente francês, Emmanuel Macron, conversa com o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, em encontro da Comunidade Política Europeia, em Praga.
© Alastair Grant/Pool via REUTERS/Direitos reservados
Reuters

Líderes da União Europeia (UE) e de seus vizinhos, do Reino Unido à Turquia, reuniram-se nesta quinta-feira (5) para discutir problemas compartilhados de segurança e energia decorrentes da invasão da Ucrânia pela Rússia, em uma rara e simbólica cúpula de 44 países europeus, que, sem contar com a presença dos russos, destacou o isolamento de Moscou.

O encontro em Praga é a cúpula inaugural da Comunidade Política Europeia (EPC), um formato que é uma ideia do presidente francês, Emmanuel Macron, e reúne os 27 membros da União Europeia com 17 outros países europeus.

Alguns destes ainda esperam para se juntar ao bloco europeu, enquanto o Reino Unido é o único a deixá-lo. "Todos os que estão reunidos aqui sabem: o ataque da Rússia à Ucrânia é uma violação brutal da ordem de paz e segurança que tivemos nas últimas décadas na Europa", disse o chanceler alemão, Olaf Scholz.

Seus comentários foram ecoados pelo primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, bem como pelo principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell.

"Esta reunião é uma forma de buscar uma nova ordem sem a Rússia. Isso não significa que queremos excluir a Rússia para sempre, mas esta Rússia, a Rússia [do presidente Vladimir] Putin, não tem espaço", disse Borrell.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que participou da reunião por videoconferência, pediu aos líderes que transformem a nova comunidade política em uma "comunidade europeia de paz".

"Que hoje seja o ponto de partida. O ponto de onde a Europa e todo o mundo livre se moverão para garantir a paz para todos nós. É possível", disse ele, pedindo aos líderes que "dirijam todas as potências possíveis da Europa para acabar com a guerra" na Ucrânia.

Um destaque especial em Praga foi para a primeira-ministra britânica, Liz Truss, que - mesmo estando sob pressão em casa depois de apenas algumas semanas no cargo – subiu ao palco com líderes da UE.

Sua decisão de participar da cúpula deixou algumas esperanças de um reinício das relações entre Bruxelas e Londres, com um tom mais caloroso nas últimas semanas em um impasse entre os dois lados sobre os acordos comerciais pós-Brexit para a Irlanda do Norte.

Depois de se encontrar com o anfitrião da cúpula, o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, a premiê britânica enfatizou sua "forte concordância sobre a importância de democracias europeias com ideias semelhantes apresentarem uma frente unida contra a brutalidade de Putin".

Uma autoridade da UE disse que a participação de Liz Truss foi positiva. "A impressão, eu acho, é bastante positiva de que o Reino Unido estava se engajando nesses tópicos: segurança, estabilidade, economia, migração e fornecimento e apoio à Ucrânia", disse o funcionário.

A reunião no extenso Castelo de Praga é vista por seus participantes como uma grande demonstração de solidariedade a um continente atolado em múltiplas crises, desde as consequências de segurança da guerra russa na Ucrânia até terríveis consequências econômicas, incluindo uma crise aguda de energia.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que sua prioridade é construir mais conexões de eletricidade na Europa e baixar os preços do gás.

Alguns descartaram o EPC rapidamente como apenas mais uma sala de conversas, que será difícil de administrar, não apenas por causa de seu tamanho, mas também por causa da diversidade e das rivalidades tradicionais entre muitos de seus membros, da Armênia e Azerbaijão à Grécia e Turquia.

*Com reportagem de Sabine Siebold, Michel Rose, Robert Muller, Jan Lopatka, Michel Kahn, Jason Hovet, Andreas Rinke em Praga, e Philip Blenkinsop em Bruxelas
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