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Internacional

OMS: 20 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária e sanitária

Desse total,15 milhões são afetadas pelo conflito no Tigray
RTP*
Publicado em 28/10/2022 - 08:32
Lisboa
Logo da OMS do lado de fora de sede da entidade em Genebra
© REUTERS/Denis Balibouse/Direitos Reservados
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertaram hoje (28) que 20 milhões de pessoas "necessitam desesperadamente de ajuda humanitária e sanitária", 15 milhões das quais estão nas regiões do norte afetadas pelo conflito em Tigray.

O conflito é agravado por surtos de cólera e sarampo, com 273 e 6 mil casos confirmados, respectivamente, e problemas de desnutrição que afetam uma em cada cinco crianças com menos de 5 anos de idade no Tigray, disse o diretor de Intervenções de Emergência da OMS, Altaf Musani, em entrevista.

A diretora de Operações da OMS na Etiópia, Ilham Abdelhai Nour, acrescentou que apesar de 5,2 milhões de pessoas em Tigray precisarem de assistência humanitária, a organização não teve acesso à região do conflito durante as últimas seis semanas.

"Antes disso, entre março e agosto, durante a trégua humanitária, pudemos enviar alguma ajuda, embora em pequena quantidade", disse, observando que nas regiões onde os casos de malária aumentaram 80%, foi preciso suspender os programas de assistência.

A OMS também teve de limitar os programas de vacinação contra a covid-19 à capital do Tigray, Mekele, disse a diretora, acrescentando que apenas 10% das crianças podem participar de programas de imunização na região.

As duas regiões da Etiópia, vizinhas do norte de Tigray, Afar e Ahmara, também apresentaram problemas humanitários, disse Ilham Nour. Segundo ela, essas áreas têm grandes populações de pessoas deslocadas, onde as taxas de desnutrição chegam a atingir 40% em crianças menores de 5 anos.

Em Tigray, o nível de insegurança alimentar atinge 89% da população total, segundo dados do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM).

O conflito no Tigray começou no início de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o Exército federal, apoiado por forças regionais de Amhara e do Exército da Eritreia, para desalojar as autoridades rebeldes da região, a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF, na sigla em inglês).

A TPLF dominou a coligação governante da Etiópia durante décadas, antes de Abiy chegar ao poder, em 2018, e tê-los expulsado.

Após cinco meses de tréguas humanitárias, os combates foram retomados em 24 de agosto.

O Tigray está isolado do resto do país e privado de eletricidade, redes de telecomunicações, serviços bancários e combustível. A entrada de ajuda humanitária por via rodoviária e aérea também tem sido interrompida desde que os combates foram retomados.

O resultado do conflito, que se desenrola em grande parte fora dos olhares midiáticos, é desconhecido. A embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, estimou que em dois anos morreu cerca de meio milhão de pessoas".

A imprensa não tem acesso ao Norte da Etiópia e as comunicações operam de forma desordenada na região, impossibilitando qualquer verificação independente das informações.

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