Covid-19: China anuncia fim do rastreamento de cidadãos em viagens
A China anunciou hoje (12) o fim do uso de um aplicativo que rastreia os deslocamentos de cidadãos, em mais uma medida para desativar a política de covid zero, que vinha gerando forte descontentamento popular.
A partir da meia-noite desta segunda-feira, o aplicativo Registro do Itinerário vai deixar de funcionar, o que significa que viagens de residentes deixarão de ser rastreadas.
O app limitava os deslocamentos internas no país. Quem viajasse a partir de uma região declarada de médio ou alto risco era obrigado a cumprir um período de quarentena ao chegar a outra cidade.
O aplicativo era parte de um conjunto de ferramentas criadas no âmbito da estratégia chinesa de zerar os casos de covid-19. Cada cidade e província têm também um código de saúde próprio, um outro aplicativo que registra o resultado dos testes PCR de cada cidadão, para que possa ter acesso a locais públicos ou residenciais.
Pelo aplicativo, o celular de cada cidadão digitaliza um QR code, colocado na entrada de todos os edifícios, assim como nos transportes públicos ou táxis. Várias cidades também estão deixando de utilizar este aplicativo.
Política covid-zero
O governo chinês anunciou, na semana passada, o fim de várias das medidas mais restritivas de prevenção contra a covid-19, incluindo os testes em massa, as quarentenas em instalações pré-designadas para casos positivos e contatos diretos, além do uso de aplicativos de rastreamento.
Isto ocorreu depois de protestos em várias cidades da China contra a estratégia. Alguns dos manifestantes proclamaram palavras de ordem contra o líder chinês Xi Jinping e o Partido Comunista, algo inédito no país em várias décadas.
Embora tenha sido recebido com alívio, o fim da estratégia covid zero suscita também preocupações.
Com 1,4 bilhão de habitantes, a China é o país mais populoso do mundo. A estratégia de zero casos de covid significa que a esmagadora maioria da população chinesa não desenvolveu imunidade natural.
Pequim recusou também importar vacinas de RNA mensageiro, consideradas mais eficazes do que as inoculações desenvolvidas pelas farmacêuticas locais Sinopharm e Sinovac.
Onda de casos
O fim das restrições poderá desencadear uma onda de casos sem paralelo neste inverno, sobrecarregando rapidamente o sistema de saúde do país, de acordo com projeções elaboradas pela consultora Wigram Capital Advisors, que forneceu modelos de projeção a vários governos da região, durante a pandemia.
Um milhão de chineses poderá morrer de covid-19 nos próximos meses de inverno, de acordo com essa projeção.
Especialistas advertiram, no entanto, que ainda há possibilidades de o Partido Comunista reverter as decisões e voltar as restrições, caso ocorra um surto em grande escala.
O anúncio da semana passada deu aos governos locais espaço para impor regulamentos próprios. A maioria dos restaurantes em Pequim, por exemplo, continua a exigir a apresentação de teste negativo realizado 48 horas antes e as regras são ainda mais rígidas para edifícios governamentais.
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