Guterres diz que humanidade se tornou "arma de extinção maciça"
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse hoje (7) que a humanidade tornou-se "arma de extinção maciça" da natureza e que a trata "como uma casa de banho".
Ele falou em conferência sobre biodiversidade em Montreal, no Canadá, na véspera da 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica (COP15).
"Com o nosso apetite sem limites por um crescimento econômico descontrolado e desigual, a humanidade tornou-se arma de extinção maciça", afirmou na abertura do evento, que vê como "oportunidade para conter esta orgia de destruição".
Desde que assumiu o cargo em 2017, o antigo primeiro-ministro português fez das alterações climáticas sua prioridade.
"Hoje não estamos em harmonia com a natureza, pelo contrário, estamos tocando uma melodia muito diferente", uma "cacofonia do caos tocada com instrumentos de destruição", resumiu Guterres.
O discurso do secretário-geral da ONU chegou a ser interrompido durante alguns minutos por dezena de representantes de um povo indígena.
Segurando faixa onde se podia ler "Genocídio indígena = Ecocídio", os indígenas foram calmamente para fora, recebendo aplausos de apoio.
"Estamos nos matando por prospeção", acrescentou, com repercussões em empregos, fome, doenças e mortes.
As perdas econômicas devido à degradação dos ecossistemas, por seu lado, são estimadas em US$ 3 bilhões por ano a partir de 2030.
Os desafios da COP15 são consideráveis.
Um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção, um terço do planeta está seriamente degradado e os solos férteis estão desaparecendo, enquanto a poluição e as alterações climáticas aceleram a degradação dos oceanos.
Produtos químicos, plásticos e poluição do ar estão sufocam a terra, a água e o ar, enquanto o aquecimento global decorrente da queima de combustíveis fósseis provoca o caos climático - de ondas de calor e incêndios florestais a secas e inundações.
Representantes de quase 200 países estão reunidos de 7 a 19 de dezembro em Montreal. O objetivo é selar um pacto de dez anos pela natureza e assim evitar uma extinção massiva, mas o resultado das negociações, com cerca de 20 pontos destinados a salvaguardar os ecossistemas até 2030, permanece incerto.
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