Três mulheres investigarão para a ONU repressão a protestos no Irã
O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou hoje (20) que três mulheres vão formar a comissão de investigação para o Irã, aprovada em 24 de novembro em sessão extraordinária.
Segundo comunicado, Sara Hossain (Bangladesh), que preside a missão, Shaheen Sardar Ali (Paquistão) e Viviana Krsticevic (Argentina) formam o grupo cuja principal tarefa é recolher e analisar provas de violações dos direitos humanos no quadro da repressão aos protestos.
Hossain é advogada no Supremo Tribunal de Bangladesh e colaborou, no passado, na investigação da ONU sobre abusos na Coreia do Norte, Sardar Ali foi vice-presidente do Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenções Arbitrárias, e Krsticevic é diretora executiva do Centro de Direito e Justiça Internacional, uma organização civil para a promoção dos direitos humanos no continente americano.
As nomeações foram confirmadas hoje pelo atual presidente do Conselho, o embaixador argentino Federico Villegas.
A criação da missão foi aprovada em 24 de novembro no Conselho de Direitos Humanos com 25 votos a favor, 16 abstenções e seis contra, entre eles o da China.
Nesse mesmo dia, a diretora internacional da Vice-Presidência da Mulher e Família do Irã, Khadijeh Karimi, avisou que o governo iraniano não reconhecerá o papel da missão nem colaborará com ela.
Os protestos no Irã começaram com a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, jovem curda de 22 anos que foi detida três dias antes pela polícia da moralidade. Ela foi mantida sob custódia, acusada de uso indevido do `hijab`, o véu islâmico.
Os protestos, entretanto, evoluíram e agora os manifestantes, principalmente os jovens, pedem o fim da República Islâmica, fundada pelo ayatollah Ruhollah Khomeini em 1979 e liderada hoje por Ali Khamenei.
Após três meses de mobilizações, com mais de 400 mortos e milhares de detenções, as autoridades começaram a executar manifestantes para tentar controlar as mobilizações, protagonizadas principalmente por jovens e mulheres.
O Irã anunciou 11 sentenças de morte por envolvimento em "motins" e acusa "inimigos estrangeiros", incluindo os Estados Unidos e Israel, de incentivar o movimento.
Segundo a Anistia Internacional (AI), além das 11 pessoas já condenadas, 15 são indiciadas por crimes puníveis com pena de morte.
Grupos de direitos humanos acreditam que os procedimentos legais foram forjados e estão preocupados com as confissões obtidas sob tortura.
Segundo a ONU, as autoridades do regime teocrático iraniano já prenderam cerca de 14 mil pessoas desde meados de setembro, enquanto a organização Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, registra a morte de pelo menos 469 manifestantes.
As autoridades notificaram oficialmente mais de 200 mortes, incluindo membros das forças de segurança, desde o início dos protestos.
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