ONU pede revisão do sistema financeiro para apoiar países mais pobres
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) pediu hoje (18) a revisão do sistema financeiro mundial que permita aos países em desenvolvimento um alívio da dívida e capacidade de investimento, de modo a enfrentar as crises.
"Precisamos de nova arquitetura da dívida que proporcione alívio e reestruturação a países vulneráveis - incluindo os de rendimento médio - ao mesmo tempo que proporcione suspensão imediata da dívida e amortizações aos países em necessidade", afirmou António Guterres, no discurso de abertura da 36ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, em Adis Abeba. .
Ele disse que, depois, os "bancos multilaterais de Desenvolvimento devem transformar seu modelo de negócio e aceitar nova abordagem ao risco", para "estimular, de forma maciça, os seus fundos e atrair maiores fluxos de capital privado para os seus países".
"Apelei a um novo momento de Bretton Woods para transformar radicalmente a arquitetura financeira global", que deve ser centrada "nas necessidades dos países em desenvolvimento", que "deveriam ter voz muito maior nas instituições globais - incluindo as financeiras".
"O século XXI está prestes a ser o século da África", considerou o secretário, que elogiou o trabalho da União Africana (UA), por meio de medidas inspiradoras para ajudar a realizar o enorme potencial do continente, com a aprovação da Agenda 2063, "a Década da Inclusão Financeira e Econômica das Mulheres".
António Guterres destacou o foco "na criação de emprego e no enorme potencial da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA)", apesar do contexto adverso.
"Também reconheço os enormes testes que a África - e, na verdade, o mundo - está enfrentando em praticamente todas as frentes", disse ele, lembrando que os problemas do mundo têm consequências no continente.
"Em muitos aspectos, os povos da África suportam o fardo dessas crises", com um "sistema financeiro global disfuncional e injusto que está falhando nos países em desenvolvimento quando mais precisam dele". O secretário lamentou também as "profundas desigualdades na disponibilidade de recursos para a recuperação da pandemia" e a "crise do custo de vida, exacerbada pelas consequências da invasão russa da Ucrânia".
"Investir nos caminhos africanos para a prosperidade requer financiamento", e "os países em desenvolvimento são repetidamente abandonados à sua sorte", porque o "sistema financeiro global nega-lhes rotineiramente o alívio da dívida e o financiamento concessional, enquanto cobra taxas de juro exorbitantes", considerou.
A consequência é simples: "Os sistemas vitais são privados de investimento - da saúde e educação, à tecnologia verde, à proteção social e à criação de novos empregos sustentáveis", observou.
Os países africanos não podem investir nessas áreas críticas e subir a escada do desenvolvimento com uma mão atada atrás das costas.
Quanto ao "caos climático, que o povo de África pouco fez para causar", Guterres avisa que há "inundações e secas mortais, colocando comunidades e vidas em risco e deslocando milhões de pessoas".
"Em setembro, convocarei uma Cúpula da Ambição Climática no nosso caminho para a COP28 em dezembro, onde governos, empresas e sociedade civil demonstrarão seu empenho em alcançar zero de emissões.
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