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Internacional

Xi Jinping visita Moscou para estreitar cooperação estratégica

Presidente chinês chegou hoje à Rússia, onde fica até quarta-feira
Graça Andrade Ramos – Repórter da RTP
Publicado em 20/03/2023 - 20:33
Lisboa
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, se reuniram na tarde esta segunda-feira (20), por quatro horas, em Moscou. De acordo com as agências russas de informação, tratou-se de um encontro "informal".

A reunião formal entre os dois mandatários deve ocorrer nesta terça-feira (21).

A visita de Xi Jinping está prevista para durar até quarta-feira (22) e é a primeira depois do líder chinês ter sido reeleito para um terceiro mandato, algo sem precedentes na China comunista.

O encontro dos dois presidentes diante das câmaras e com auxílio de intérpretes revelou a simpatia de Xi Jinping para com Putin, a quem chamou de "querido amigo", com o presidente russo devolvendo o cumprimento.

Vladimir Putin reconheceu ter "alguma inveja" dos progressos econômicos alcançados por Pequim. O líder chinês respondeu com elogios, afirmando a sua “convicção” de que o povo russo apoia Putin, quando falta cerca de um ano para as próximas eleições na Rússia.

“Graças à sua liderança robusta, a Rússia fez progressos significativos de prosperidade nos anos recentes”, disse Xi Jinping na parte pública do encontro. "Tenho certeza de que o povo russo irá apoiá-lo firmemente nas suas iniciativas".

O presidente chinês agradeceu ainda a Putin pelo que classificou de apoio à China e prometeu que Pequim iria estreitar os laços com Moscou.

Repercussão

Para os Estados Unidos, a visita de Xi Jiping dias depois do Tribunal Penal Internacional ter emitido um mandado de captura de Vladimir Putin por crimes de guerra na Ucrânia, indicia indiferença de Pequim às atrocidades cometidas pela Rússia na Ucrânia.

É possível que os líderes russo e chinês tenham abordado o tema do mandado do TPI, e sabe-se que a guerra na Ucrânia e o plano de paz feito por Pequim foram assunto de conversa, mesmo que de forma informal.

O tema foi citado pelo presidente russo. "Estamos sempre abertos a negociações", garantiu Vladimir Putin a Xi Jinping logo no início da reunião, sobre ter lido a proposta de paz "com respeito" pelas soluções apresentadas.

Apelos

Em Washington, a reação a tal abertura foi moderada. A Casa Branca apelou a Xi Jinping, sem grandes esperanças, para que pressionasse Vladimir Putin a encerrar a guerra, respeitando a soberania da Ucrânia e sem deixar tropas russas em território ucraniano.

A fórmula para uma implementação bem-sucedida do plano de paz chinês deve incluir a restauração da "soberania, independência e integridade territorial" ucranianas, escreveu na rede Twitter o secretário do Conselho para a Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov.

"O mundo não deve se deixar enganar por qualquer movimento tático da Rússia, apoiado pela China ou qualquer outro país, para encerrar a guerra nos seus próprios termos", disse o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.

Mesmo sendo bem-vindo qualquer ato diplomático que leve a "uma paz justa e duradoura", será pouco provável que um plano chinês se preocupe em salvaguardar a "soberania e integridade territorial" ucranianas, admitiu ainda Blinken.

"Quaisquer planos que não deem prioridade a este princípio crucial não passam de uma tática de adiamento no melhor dos casos ou procura de mediar um resultado injusto. Isso não é diplomacia construtiva", explicou o responsável pelos Negócios Estrangeiros norte-americanos.

O Reino Unido disse que espera que a China aproveite a visita para "pressionar Putin a deixar de bombardear as cidades, hospitais e escolas ucranianas, para por fim a algumas destas atrocidades a que assistimos todos os dias", conforme anunciou o porta-voz do primeiro-ministro Rishi Sunak.

Estado da guerra

Em resposta à visita de Xi Jinping e à especulação em torno do plano de paz elaborado por Pequim, Washington anunciou, nesta segunda-feira, o envio de um novo pacote de auxílio militar à Ucrânia, orçado em US$ 350 milhões, incluindo munições para os lança-granadas HIMARS e canhões howitzers, assim como para veículos de infantaria Bradley, mísseis HARM, armas antitanque e barcos de rio, entre outros equipamentos.

Também a União Europeia confirmou hoje o envio de toneladas de munições para Kiev ao longo dos próximos 12 meses. A Noruega anunciou, por sua vez, que os prometidos tanques alemães Leopard 2 já foram entregues à Ucrânia.

A principal batalha entre Rússia e Ucrânia acontece em Bakhmut, com o grupo de mercenários russo Wagner a garantir que controla 70% da cidade e avisar o comando russo que os ucranianos preparam uma ofensiva para cortar as suas ligações às linhas russas de abastecimento.

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