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Internacional

Continuam buscas por submarino que visitava Titanic com cinco a bordo

Milionários inglês e paquistanês estão entre os tripulantes
Carla Quirino – Repórter da RTP
Publicado em 20/06/2023 - 08:51
Lisboa
19/06/2023 - A empresa OceanGate, que faz expedições até os destroços do navio Titanic, anunciou que o submarino utilizado para levar turístas até o local onde estão os restos do navio, desapareceu no Oceano Atlântico. Frame da animação 3D,
© Foto: Oceangate
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Está em andamento uma missão para encontrar o submarino desaparecido no domingo (18), no Atlântico norte, com cinco pessoas a bordo. O pequeno submarino tem 96 horas de reserva de oxigênio em caso de emergência. Os tripulantes perderam contato com a superfície, perto dos destroços do Titanic, que estão a 3,8 mil metros de profundidade.

A empresa que opera o veículo, a OceanGate Expeditions, confirmou que um dos seus submersíveis, o Titan, desapareceu no Oceano Atlântico durante a expedição.

19/06/2023 - Foto do submarino da empresa OceanGate, que faz expedições até os destroços do navio Titanic e anunciou que o submarino utilizado para levar turístas até o local onde estão os restos do navio, desapareceu no Oceano Atlântico. Foto:
O Titan, da OceanGate, faz expedições até os destroços do navio Titanic. Submarino desapareceu no Oceano Atlântico, com 5 pessoas a bordo  Oceangate/divulgação

O submarino desapareceu a cerca de 435 milhas ao sul de Newfoundland, em águas canadenses. O contato com a tripulação foi perdido uma hora e 45 minutos após o mergulho na tarde de domingo, explicou a Guarda Costeira dos Estados Unidos (EUA).

O consultor da empresa David Concannon informou que, com a reserva de oxigênio disponível para emergência, restam apenas cerca de dois dias de "suporte de vida" no Titan.

O contra-almirante da Guarda Costeira dos EUA John Mauger observou, por sua vez, que a localização "remota" tornou a operação de busca um "desafio". “É uma área remota e é um desafio conduzir uma busca nesse local.”

"Estamos mobilizando todos os recursos disponíveis para garantir que possamos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo", declarou.

O navio de apoio do Titan, o quebra-gelo de investigação canadense Polar Prince, continua a fazer buscas na superfície durante o dia e a noite, assim como a aeronave canadense P8 Poseidon, que já retomou as buscas na manhã desta terça-feira (20).

O que é o Titan?

O Titan é um pequeno submersível operado pela OceanGate - uma empresa com sede nos EUA que disponibiliza submarinos tripulados para investigação e exploração.

Os ingressos custam cerca de € 250 mil (R$ 1,3 milhão) e cobrem uma viagem de oito dias, incluindo mergulhos aos destroços. Segundo a empresa, o Titan é capaz de mergulhar a mais de quatro mil metros "com uma confortável margem de segurança".

A embarcação leva cerca de duas horas para descer aproximadamente os 3,8 mil metros até onde estão os destroços do Titanic em uma trincheira no Atlântico. O Titan pesa 10,4 toneladas e está programado para enviar uma mensagem a cada 15 minutos para sinalizar a localização e informar quem está em terra que a viagem decorre em segurança. 

19/06/2023 - Foto do submarino da empresa OceanGate, que faz expedições até os destroços do navio Titanic e anunciou que o submarino utilizado para levar turístas até o local onde estão os restos do navio, desapareceu no Oceano Atlântico. Foto:
Submarino tem oxigênio suficiente para pouco mais de 90 horas - Oceangate/divulgação

Quem está a bordo

O multimilionário britânico Hamish Harding, de 58 anos, foi confirmado como um dos passageiros. Seu enteado Brian Szasz informou, no Facebook, que o padrasto estava nos seus "pensamentos e orações".

Harding é o atual presidente da Action Aviation – uma empresa de vendas e operações que oferece uma variedade de serviços no setor de aviação executiva.

Stockton Rush é o presidente executivo e fundador da OceanGate Inc, a empresa que opera o submersível desaparecido. Tem um percurso profissional como piloto e é também fundador e membro do conselho de administração da organização sem fins lucrativos OceanGate Foundation, que procura catalisar a tecnologia marinha emergente para novas descobertas em ciência, história e arqueologia.

Paul-Henry Nargeolet é um ex-comandante que serviu na Marinha Francesa por 25 anos. Durante sua carreiro, se tornou o capitão do grupo de submersão profunda da Marinha. Ingressou depois no Instituto Francês de Pesquisa e Exploração do Mar, segundo a The Five Deeps Expedition, empresa que reúne cientistas, engenheiros e operadores de submersíveis para missões.

O empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho, Suleman Dawood, também estão a bordo, informou a família em comunicado:

"Estamos muito gratos pela preocupação demonstrada pelos nossos colegas e amigos e gostaríamos de pedir a todos que rezem pela segurança de todos".

Os Dawoods são de uma das famílias mais proeminentes do Paquistão e detêm uma empresa que investe em todo o país na agricultura, indústrias e no setor de saúde.

Socorro recorre a ROV

Em um e-mail dirigido à Associated Press, o consultor da OceanGate David Concannon anunciou que as autoridades preparam um veículo operado remotamente (ROV) que poderá atingir uma profundidade de seis mil metros e aproximar-se do "local o mais rápido possível".

Os ROV podem ser lançados na lateral de uma embarcação, à qual são ligados por um “cordão umbilical”. O dispositivo permite ao piloto operar os propulsores e também transmitir dados em tempo real dos sistemas de sonar e de câmara. No entanto, a quantidade de destroços do Titanic no fundo do oceano pode interferir na informação porque pode levar algum tempo a distinguir o que são detritos e o que é o Titan.

Diversos especialistas alertam para a dificuldade em recuperar o pequeno submarino, caso "esteja preso nos destroços centenários".

“Existem partes dele [o Titanic] por todo o lugar. É perigoso”, disse Frank Owen, oficial reformado da Marinha Real Australiana e diretor do projeto de resgate e fuga de submarinos.

Alistair Greig, professor de engenharia naval da University College of London, observou que “se a embarcação desceu para o fundo do mar e não pode voltar por conta própria, as opções são muito limitadas".

“Embora o submarino ainda possa estar intacto, se estiver além da plataforma continental, há pouquíssimas embarcações que podem chegar tão fundo e certamente não mergulhadores”, acrescentou Greig.

A OceanGate Expeditions realiza expedições desde 2021. No site da empresa desde segunda-feira pode ler-se a mensagem:

“Todo o nosso foco está nos membros da tripulação do submarino e nas suas famílias. Estamos profundamente gratos pela ampla assistência que recebemos de várias agências governamentais e empresas de alto mar durante os nossos esforços para restabelecer o contato com o submersível". 

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