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Internacional

Milhares de pessoas deixam campo de refugiados após ataque israelense

Cerca de 3 mil moradores já deixaram a cidade de Jenin
RTP*
Publicado em 04/07/2023 - 08:58
Jenin (Cisjordânia)
Funeral de  Ibrahim al-Nabulsi, em Nablus, Cisjordânia
© Reuters/Raneen Sawafta/Direitos reservados
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O ataque de Israel, em grande escala, à cidade palestina de Jenin, considerado o maior dos últimos 20 anos na Cisjordânia, levou à fuga de milhares de pessoas de um campo de refugiados. A operação israelense começou na madrugada dessa segunda-feira (3) e tem como alvo um posto de comando do grupo militante Brigada de Jenin, localizado dentro do campo.

“Até agora, cerca de 3 mil pessoas deixaram o campo”, informou o vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Roub. Agora, esses refugiados deverão receber abrigo em escolas e outras instalações temporárias na cidade.

Organizações não governamentais preveem que o número de deslocados continue a aumentar, já que a operação de Israel poderá arrastar-se por vários dias. No total, o campo abriga de 12 mil a 18 mil pessoas.

Segundo o Ministério da Saúde da Palestina, já são registradas dez mortes – entre elas as de três menores - e uma centena de feridos, 20 deles em estado crítico, desde que Israel lançou o ataque com drones e explosivos em Jenin.

A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para os refugiados palestinos informou, entretanto, que muitos dos moradores que permanecem no campo precisam de comida, água potável e fórmula alimentos para bebês.

Médicos impedidos de entrar no campo

A ONU lamentou a dimensão dos ataques, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a falta de acesso a cuidados médicos.

"Estamos alarmados com a escala da operação aérea e terrestre em Jenin, na Cisjordânia ocupada, e sabemos que os ataques aéreos atingem área densamente povoada do campo de refugiados", disse Vanessa Huguenin, porta-voz do gabinete humanitário da ONU.

"Os profissionais de saúde foram impedidos de entrar no campo, incluindo os que queriam auxiliar feridos em estado crítico", lamentou um porta-voz da OMS.

A organização não governamental (ONG) Médicos sem Fronteiras acrescentou que os tanques dos militares israelenses destruíram estradas de acesso ao campo, tornando impossível às ambulâncias chegarem aos pacientes. "Os paramédicos palestinos foram forçados a seguir a pé, numa área com combates ativos e ataques de drones", alertou. 

Alvo

O governo israelense enviou para Jenin de mil a 2 mil militares. O alvo, dizem as Forças de Defesa do país, é um grande posto de comando do grupo militante Brigada de Jenin, situado no interior do campo de refugiados, junto a duas escolas e um centro médico.

É também nesse campo que se encontram centenas de integrantes dos movimentos Hamas, Jihad Islâmica e Fatah, com armas e arsenal de explosivos. A Brigada de Jenin, composta por membros de diferentes fações, tem sido culpada por Israel por ataques terroristas contra seus cidadãos.

Israel justificou o ataque com objetivo de “quebrar a mentalidade de que o campo de refugiados é um porto seguro, quando na verdade se tornou um ninho de vespas”.

O campo de Jenin foi criado nos anos 50 para abrigar refugiados que deixaram as suas casas em 1948, após a criação do Estado israelense. É, por isso, visto por palestinos como símbolo de resistência ao regime.

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