Israel não limitará número de caminhões com ajuda a Gaza, anuncia ONU
Israel decidiu não impor um limite ao número de caminhões com ajuda humanitária que podem entrar na Faixa de Gaza, anunciou nesta quarta-feira (15) o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.
Contudo, ele informou que falta combustível para que os bens de primeira necessidade cheguem aos habitantes do enclave palestino e financiamento internacional para essa operação.
"Temos os caminhões, precisamos de combustível e financiamento. Quero que fique registrado quais são as nossas prioridades", declarou Griffiths, desmentindo que a ONU não tem um plano sobre como ajudar a população da Faixa de Gaza.
O subsecretário informou que, dos US$ 1,2 milhão que as Nações Unidas pediram para a crise em Gaza, foram recebidos apenas cerca de US$ 30 milhões.
Combustível
Nesta quarta-feira entraram na Faixa de Gaza 460 caminhões e entre 23 mil e 24 mil litros de combustível, um número que contrasta com os 200 mil litros que a ONU considera necessários para que a ajuda humanitária consiga chegar àqueles que dela mais precisam.
"O combustível é indispensável para tantas coisas – não só para o transporte, mas também para a dessalinização da água, o funcionamento dos hospitais e o fornecimento de eletricidade", explicou.
Segundo Griffiths, o plano que as agências humanitárias da ONU têm para Gaza é o "padrão", com os mesmos procedimentos aplicáveis a qualquer situação de guerra, como as da Ucrânia ou do Sudão.
Além disso, o subsecretário defendeu a liberdade de ir e vir dos palestinos da Faixa de Gaza, sem entraves ou impedimentos, e a garantia de segurança para a ONU chegar até eles.
Para isso, ele destacou que o "sistema de notificação humanitária" deve funcionar plenamente. Esse sistema consiste em interromper os bombardeios em locais específicos para que representantes das Nações Unidas possam se deslocar e entregar a ajuda.
Sobre a reunião que teve recentemente com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã, Griffiths comentou que discutiram o risco de um alastramento do conflito entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas a um nível regional, "o que não seria nada bom".
Entenda
Em 7 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) – que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel – realizaram em território israelense um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, deixando 1,2 mil mortos, na maioria civis, cerca de 5 mil feridos e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes no abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeios diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 40º dia e continua ameaçando se estender por toda a região do Oriente Médio, fez até agora na Faixa de Gaza 11.320 mortos, na maioria civis, 28,2 mil feridos, 3.250 desaparecidos sob os escombros, além de mais de 1,6 milhão de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais.
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