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Internacional

OMS: ordem de retirada de hospitais em Gaza coloca pacientes em risco

Especialistas das Nações Unidas pedem cessar-fogo imediato
Gabrielle Tétrault-Farber e Jennifer Rigby - repórteres da Reuters
Publicado em 02/11/2023 - 16:13
Genebra
Pessoas são transferidas após hospital na Faixa de Gaza ser atingido por ataque aéreo
© Reuters
Reuters

O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta quinta-feira (2) que a evacuação forçada de hospitais na Faixa de Gaza colocará em risco a vida de centenas de pacientes.

“Vinte e três hospitais receberam ordem de evacuação na Cidade de Gaza e no norte de Gaza, e a evacuação forçada nestas circunstâncias colocará centenas de pacientes em uma situação de risco de vida”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Numa coletiva de imprensa em Genebra, Tedros também reiterou o apelo para uma pausa humanitária na guerra entre Israel e Hamas para ajudar os milhares de feridos.

Há 21 mil pessoas feridas em ambos os lados e 1,4 milhão de desabrigados em Gaza, disse ele.

“Estamos ficando sem palavras para descrever o horror que está acontecendo em Gaza”, disse Tedros.

Cessar-fogo

Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) pediram nesta quinta-feira um cessar-fogo em Gaza, dizendo que o tempo está se esgotando para o povo palestino que se encontra em "grave risco de genocídio".

Quase quatro semanas de bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza mataram mais de 9 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, segundo as autoridades de saúde do enclave administrado pelo Hamas. Israel afirma que está mirando seus ataques contra o grupo militante, não em civis, e acusa a organização de usá-los como escudos.

"Continuamos convencidos de que o povo palestino corre um sério risco de genocídio", disse o grupo de especialistas, formado por sete relatores especiais da ONU, em um comunicado.

"Exigimos um cessar-fogo humanitário para garantir que a ajuda chegue para quem mais precisa dela."

A missão israelense na ONU em Genebra disse que estava preparando uma resposta às falas dos especialistas.

O Tribunal Penal Internacional define o crime de genocídio como a intenção específica de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, matando seus membros ou por outros meios, incluindo a imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos ou a transferência forçada de crianças de um grupo para outro.

Em 28 de outubro, Craig Mokhiber, funcionário sênior de direitos humanos da ONU que está deixando o cargo, escreveu ao alto comissário para Direitos Humanos, Volker Turk, dizendo que "estamos vendo um genocídio se desenrolar diante de nossos olhos, e a Organização à qual servimos parece impotente para impedi-lo".

A agência de Direitos Humanos da ONU disse que a aposentadoria planejada de Mokhiber entrou em vigor esta semana e que suas opiniões eram "pessoais" e não refletiam as da entidade.

O fornecimento de ajuda a Gaza tem sido sufocado desde que Israel começou a bombardear o enclave densamente povoado, com as organizações de ajuda dizendo que não estão nem perto de atender às necessidades da população local.

"A situação em Gaza atingiu um ponto de inflexão catastrófico", disseram os especialistas da ONU, acrescentando que os habitantes de Gaza ficaram com escassez de água, medicamentos, combustível e suprimentos essenciais, além de enfrentarem riscos à saúde.

Os especialistas também apontaram para os aliados de Israel, que, segundo eles, "têm responsabilidade e devem agir agora para evitar seu curso de ação desastroso".

"Pedimos a Israel e seus aliados que concordem com um cessar-fogo imediato", disseram os especialistas da ONU. "Estamos ficando sem tempo."

(Por Gabrielle Tétrault-Farber e Emma Farge)

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