EUA e México concordam em fortalecer esforços para conter imigração
Autoridades mexicanas e norte-americanas concordaram em trabalhar de forma mais próxima para lidar com a imigração recorde na fronteira que compartilham, disseram os governos dos países em uma declaração conjunta nesta quinta-feira (28), um dia depois de debates de alto nível para conter os números recordes.
Após a visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao México, os países disseram que vão buscar fortalecer uma iniciativa de patrocínio para imigrantes venezuelanos, cubanos, nicaraguenses e haitianos e procurar combater as causas fundamentais da imigração.
As delegações, que devem se reunir novamente em Washington no próximo mês, também discutiram a regularização da situação dos beneficiários do programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (Daca) dos EUA - os chamados Dreamers, que foram levados para o país ilegalmente quando crianças, e imigrantes hispânicos de longa data sem documentos que vivem nos Estados Unidos.
As negociações ocorreram depois que os EUA fecharam temporariamente algumas passagens de fronteira para redistribuir agentes para fiscalização, provocando uma desaceleração do comércio e críticas dos republicanos às políticas de fronteira do governo Biden. Espera-se que imigração e fronteira estejam entre as principais questões nas eleições de 2024 nos EUA, onde o presidente norte-americano, Joe Biden, está concorrendo a um segundo mandato.
Nesta quinta-feira, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse que as duas partes haviam concordado em manter as passagens de fronteira abertas após os fechamentos temporários.
"Esse acordo foi alcançado, as passagens de trem e as pontes de fronteira já estão sendo abertas para normalizar a situação", declarou López Obrador em uma entrevista coletiva pela manhã.
López Obrador disse que as reuniões de quarta-feira com a delegação dos EUA foram "diretas" e elogiou o relacionamento do governo Biden com o México.
Mais de meio milhão de imigrantes atravessaram este ano a perigosa selva de Darién, que liga a América do Sul à América Central - o dobro do recorde do ano passado - com muitos fugindo do crime, da pobreza e de conflitos para buscar melhores perspectivas nos Estados Unidos.
A mais recente de uma série de caravanas de imigrantes e requerentes de asilo, muitos deles com crianças pequenas, atravessa lentamente o sul do México, em direção à fronteira com os EUA. López Obrador estimou que a caravana conta com cerca de 1,5 mil pessoas, mas alguns ativistas e meios de comunicação locais estimam o número em 7 mil.
“Temos que ter fé em Deus”, disse o imigrante hondurenho Marvin Mejias, enquanto viajava com o filho, que teve o pé operado. Mejias afirmou esperar que os governos tenham chegado a um acordo que o ajude a entrar nos EUA e que possa trabalhar lá.
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