logo Agência Brasil
Internacional

EUA e Reino Unido impõem novas sanções ao Irã após ataque a Israel

Foram afetadas 16 pessoas e duas entidades
Lusa*
Publicado em 18/04/2024 - 13:15
Washington
Militares de Israel mostram o que dizem ser míssil iraniano
 16/4/2024   REUTERS/Amir Cohen
© REUTERS/Amir Cohen
Lusa

Os Estados Unidos e o Reino Unido impuseram nesta quinta-feira (18) novas sanções ao Irã, em momento de crescente preocupação de que o ataque sem precedentes de Teerã a Israel possa desencadear uma guerra mais vasta no Oriente Médio.

O Departamento do Tesouro norte-americano disse que as sanções afetaram 16 pessoas e duas entidades no Irã que produzem motores para alimentar os drones.

Isso inclui os drones Shahed, que o Irã utilizou no ataque contra Israel no sábado passado (13) e que também têm sido usados pelas forças russas na guerra contra a Ucrânia.

O Reino Unido tem como alvo várias organizações militares iranianas, pessoas e entidades envolvidas nas indústrias de drones e mísseis balísticos do Irã, segundo as agências norte-americana AP e francesa AFP.

“Continuaremos a utilizar a nossa autoridade em matéria de sanções para combater o Irã com novas ações nos próximos dias e semanas”, afirmou a secretária do Tesouro, Janet Yellen, em comunicado.

O ataque do Irã a Israel se deu em resposta ao que Teerã diz ter sido um ataque israelense ao consulado iraniano na Síria, no início do mês, que deixou 16 mortos, incluindo dois comandantes da Guarda Revolucionária iraniana.

O chefe militar israelense disse, na segunda-feira (15), que Israel vai responder ao ataque iraniano, enquanto os líderes mundiais alertaram para a necessidade de contenção, tentando evitar uma espiral de violência.

Os líderes da União Europeia (UE) também prometeram aumentar as sanções contra o Irã, visando as entregas de drones e mísseis aos grupos que Teerã patrocina em Gaza (Hamas), no Iêmen (Houthis) e no Líbano (Hezbollah).

O chefe da Política Externa da UE, Josep Borrell, afirmou que o atual regime de sanções do bloco será reforçado e ampliado para punir Teerã e ajudar a evitar futuros ataques a Israel.

Ao mesmo tempo, pediu contenção a Israel.

“Não quero exagerar, mas estamos à beira de uma guerra, uma guerra regional no Oriente Médio, que vai enviar ondas de choque para o resto do mundo e, em particular, para a Europa”, alertou.

“Por isso, parem com isso”, pediu Borrel, citado pela AP.

A situação no Oriente Médio será discutida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na sexta-feira em Paris, com o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, e o comandante do Exército libanês, Joseph Aoun.

A visita dos dois dirigentes libaneses foi anunciada pela presidência francesa, segundo a AFP.

Ela ocorre num contexto de fortes tensões internas e regionais, com o Líbano mergulhado em grave crise política e ameaçado pelo risco de escalada no Oriente Médio após o ataque iraniano a Israel.

Desde o fim do mandato do presidente Michel Aoun (sem laços familiares com Joseph Aoun), em 31 de outubro de 2022, os deputados libaneses não conseguiram chegar a acordo sobre um sucessor.

O Parlamento libanês está dividido entre o movimento islâmico pró-iraniano Hezbollah e os seus opositores.

Desde o início do conflito em Gaza, em 7 de outubro de 2023, o Líbano tem sido palco de trocas de tiros regulares entre o Hezbollah e Israel.

Um comandante local do Hezbollah foi morto terça-feira no sul do Líbano pelo exército israelense, com o poderoso grupo apoiado pelo Irã reivindicando ainda a responsabilidade por ataques no Norte de Israel.

O Líbano também tem de lidar com a presença em seu território de 2 milhões de sírios que fugiram da guerra civil no país, o maior número de refugiados per capita do mundo.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.