Papa faz crítica a armas e preservativos em conferência pró-natalidade
Em conferência sobre a crise demográfica que atinge a Itália e a Europa, o papa Francisco criticou, nesta sexta-feira (10), as indústrias de armas e contraceptivos, acusando-as de destruir ou impedir a vida.
A taxa de fertilidade na Europa tem se mantido em torno de 1,5 nascimento por mulher na última década. Isso está acima dos níveis observados no Leste Asiático, mas muito aquém dos 2,1 necessários para manter os níveis populacionais.
A escassez de bebês é particularmente grave na Itália, onde os nascimentos caíram para uma baixa recorde em 2023, o 15º declínio anual consecutivo. Até agora, os sucessivos governos não conseguiram reverter a tendência, apesar das repetidas promessas.
"Há um fato que um estudioso de demografia me contou. No momento, os investimentos que geram mais receita são as fábricas de armas e os contraceptivos. Um destrói a vida, o outro impede a vida... Que futuro temos? É feio", disse o papa.
Francisco, de 87 anos, há muito tempo é um ferrenho opositor da indústria de armas. Ele também reafirmou a proibição de longa data da Igreja Católica sobre o controle artificial da natalidade, embora apoie as formas naturais de evitar a gravidez.
"Alguns pensam, desculpe-me se uso a palavra, que para sermos bons católicos, temos que ser como coelhos, mas não", afirmou ele durante um voo de volta das Filipinas em 2015, acrescentando que a Igreja promove a "paternidade responsável".
Gatos e cachorros
Na conferência de Roma, Francisco disse que o número de nascimentos era o primeiro indicador da "esperança de um povo", e que a Europa estava se transformando cada vez mais em um continente velho, cansado e resignado.
"Os lares estão cheios de objetos e esvaziados de crianças, tornando-se lugares muito tristes. Não faltam cachorrinhos, gatos, não faltam. Faltam crianças", declarou o pontífice.
Os governos precisam implementar políticas "sérias e eficazes" em favor das famílias para lidar com a questão, disse Francisco, pedindo aos jovens que tenham confiança no futuro.
Ele pediu políticas que permitam que as mães não tenham que escolher entre o trabalho e o cuidado dos filhos, e que deem aos jovens casais a chance de um emprego estável e a possibilidade de comprar uma casa.
"Sei que para muitos de vocês o futuro pode parecer inquietante e que, em meio a taxas de natalidade em declínio, guerras, pandemias e mudanças climáticas, não é fácil manter a esperança viva. Mas não desistam, tenham fé", disse ele, referindo-se aos jovens.
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