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Internacional

Hamas diz que última proposta de trégua é golpe

Para movimento islâmico, plano não contempla cessar-fogo total
Lusa*
Publicado em 20/08/2024 - 10:21
Gaza
People flee the eastern parts of Rafah after the Israeli military began evacuating Palestinian civilians ahead of a threatened assault on the southern Gazan city, amid the ongoing conflict between Israel and Hamas, in Rafah, in the southern Gaza Strip May 6, 2024. REUTERS/Hatem Khaled
© REUTERS/Hatem Khaled/Proibida reprodução
Lusa

O grupo islâmico palestino Hamas palestiniano qualificou nesta terça-feira (20) como “um golpe” a última proposta de trégua na Faixa de Gaza, aceita por Israel, afirmando que não contempla um cessar-fogo total e a retirada do Exército israelense do enclave.

“O que foi recentemente apresentado ao movimento constitui um golpe contra o que as partes alcançaram em 2 de julho, com base na própria declaração de [presidente norte-americano, Joe] Biden de 31 de maio e na Resolução 2.735 do Conselho de Segurança de 11 de junho,. É considerado uma resposta e aquiescência dos Estados Unidos às novas condições do terrorista [primeiro-ministro israelense] Netanyahu”, disse hoje o grupo num comunicado.

O movimento refere-se ao plano de paz apresentado pelo presidente norte-americano, Joe Biden, em maio, que o Hamas aceitou.

O Hamas também qualificou de “enganosa” a declaração do chefe de Estado dos EUA, na noite passada, segundo a qual o grupo está se afastando da possibilidade de chegar a um acordo.

Essas “alegações enganosas [de Biden] não refletem a verdadeira posição do movimento, que é a de chegar a um acordo de cessar-fogo”, afirmou o Hamas, acrescentando que está “ansioso” para acabar com a agressão israelense.

Biden disse que o Hamas está ecuando nas negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, mas considerou que um acordo “ainda é possível”.

“Israel diz que o pode fazer [aceitar o acordo]”, acrescentou o presidente norte-americano.

No comunicado de hoje, o Hamas denunciou “luz verde americana ao governo sionista extremista para cometer mais crimes contra civis”, em referência ao Executivo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, está hoje no Egito para buscar a aprovação do Hamas ao plano de cessar-fogo, que o premiê israelense aceitou na segunda-feira, após encontro com o representante norte-americano.

“Os irmãos mediadores do Catar e do Egito sabem que o movimento agiu de forma positiva e responsável em todas as rodadas de negociações anteriores, e que Netanyahu foi sempre quem obstruiu a obtenção de um acordo ao estabelecer novas condições e exigências”, diz o comunicado, segundo o diário Filastin.

Na mesma nota, o Hamas denunciou a inclusão dessas novas exigências como “golpe de Estado” no acordo de 2 de julho, baseado no programa em três fases apresentado pelo presidente Joe Biden no final de maio, e uma “resposta complacente” aos “planos criminosos” de Netanyahu na Faixa de Gaza.

A primeira fase do plano proposto pela administração Biden previa trégua de seis semanas, acompanhada da retirada israelense das zonas densamente povoadas de Gaza e da libertação dos reféns raptados em 7 de outubro. A a segunda fase incluía a retirada total israelense de Gaza - duas das principais exigências do Hamas.

A terceira fase apontava o início de grande reconstrução da Faixa de Gaza, que enfrenta décadas de trabalho devido à devastação causada pela guerra.

A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islâmico palestino em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Israel.

Das pessoas raptadas nesse dia, 105 continuam detidas em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo Exército israelense. As forças militares de Israel anunciaram hoje ter recuperado os corpos de seis reféns mortos na Faixa de Gaza, numa operação conjunta com os serviços de informações.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos e cerca de 93 mil feridos, a maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Oriente Médio.

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