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Internacional

Zelenskiy questiona interesse do Brasil em buscar paz na Ucrânia

Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022
Michelle Nichols* - Repórter da Reuters
Publicado em 25/09/2024 - 18:16
Nova York
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, EUA
25/09/2024
Reuters/Mike Segar/Proibida reprodução
© Reuters/Mike Segar/Proibida reprodução
Reuters

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, questionou nesta quarta-feira o "verdadeiro interesse" de Brasil e China em acabar com a guerra entre seu país e a Rússia, dizendo à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que os países "não vão impulsionar seu poder às custas da Ucrânia".

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Nove meses depois, Zelenskiy anunciou um plano de paz de 10 pontos para pôr um fim ao conflito com base na Carta da ONU e no direito internacional. Moscou rejeitou o plano.

"A fórmula de paz já existe há dois anos, e talvez alguém queira um Prêmio Nobel para sua biografia política, para uma trégua congelada, em vez de paz real, mas os únicos prêmios que Putin lhe dará em troca são mais sofrimento e desastres", disse Zelenskiy à organização de 193 membros, referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin.

"Quando alguns propõem alternativas, planos de acordo sem convicção, os chamados conjuntos de princípios, isso não apenas ignora os interesses e o sofrimento dos ucranianos... não apenas ignora a realidade, mas também dá a Putin o espaço político para continuar a guerra."

A China e o Brasil têm tentado convencer outros países em desenvolvimento a aderir ao plano de paz de seis pontos que os dois países apresentaram em maio.

A proposta pede uma conferência internacional de paz "realizada em um momento apropriado, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o plano quando discursou na Assembleia Geral da ONU na terça-feira.

"Quando a dupla sino-brasileira tenta se transformar em um coro de vozes -- com alguém na Europa, com alguém na África -- dizendo algo alternativo a uma paz plena e justa, surge a pergunta: qual é o verdadeiro interesse?", disse Zelenskiy.

Questionado em entrevista coletiva nesta quarta a respeito da fala de Zelenskiy, Lula afirmou que o líder ucraniano disse apenas o óbvio dentro de sua obrigação como presidente, mas que ainda assim ele não está conseguindo alcançar a paz, o que destacou ser a única maneira de garantir a sobrevivência da Ucrânia e da Rússia.

"Eles não precisam aceitar a proposta da China e do Brasil, por que não tem proposta, tem uma tese de que é importante começar a conversar", disse Lula.

"Ele (Zelesnkiy), se fosse esperto, diria que a solução é diplomática, não é militar. Isso depende da capacidade de sentar e conversar, de ouvir o contrário e tentar chegar no acordo, para que o povo ucraniano tenha sossego na vida."

O presidente ucraniano pretende apresentar um "plano de vitória" ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante uma visita à Casa Branca na quinta-feira.