logo Agência Brasil
Internacional

Alterações climáticas agravam Furacão Helene que já matou 234 nos EUA

Combustíveis fósseis tornam mais provável ocorrência desses fenômenos
Lusa*
Publicado em 09/10/2024 - 10:48
Washington
A shrimp boat is pushed inland after Hurricane Helene passed through the Florida panhandle, severely impacting the community of Keaton Beach, Florida, U.S., September 29, 2024. Reuters/Octavio Jones/Proibida reprodução
© Reuters/Octavio Jones/Proibida reprodução
Lusa

 As alterações climáticas intensificaram em cerca de 10% as chuvas e ventos do Furacão Helene, que causou pelo menos 234 mortos nos Estados Unidos no final de setembro, informa estudo publicado nesta quarta-feira (9).

Ainda que este valor de 10% “possa parecer relativamente baixo, é muito importante sublinhar que uma pequena alteração em termos de perigo pode realmente levar a grande alteração em termos de impacto e danos”, disse Friederike Otto, responsável pela rede de referência científica World Weather Attribution (WWA).

O estudo mostra também que os combustíveis fósseis – os principais responsáveis pelo aquecimento global – tornaram a ocorrência de furacões como o Helene 2,5 vezes mais provável no sudeste dos Estados Unidos.

Em vez de serem esperados a cada 130 anos, é agora provável que ocorram a cada 53 anos em média, concluíram cientistas dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Suécia e dos Países Baixos.

Para estudar o Helene, os especialistas concentraram-se em três aspetos distintos: precipitação, ventos e temperatura da água no Golfo do México, fator-chave na formação de furacões.

“Todos os aspectos desse evento foram amplificados pelas alterações climáticas em vários graus”, disse Ben Clarke, coautor do estudo e pesquisador do Imperial College London, em entrevista.

“Se os humanos continuarem a queimar combustíveis fósseis, os Estados Unidos vão enfrentar furacões ainda mais destrutivos”, advertiu.

Os autores do estudo alertaram que os riscos estão crescendo além das zonas costeiras.

O Furacão Helene “movia-se depressa, por isso conseguiu infiltrar-se rapidamente em terra” antes de finalmente dissipar a energia, explicou Bernadette Woods Placky, meteorologista da organização não governamental Climate Central.

O estudo foi publicado no momento em que o estado da Flórida, no sudeste dos EUA, se prepara para a chegada do Milton, atualmente classificado como furacão de categoria 5, a mais elevada na escala Saffir-Simpson, com ventos máximos sustentados de 270 quilômetros por hora.

Milton pode ser “a pior tempestade na Flórida em um século”, alertou, nessa terça-feira (8), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, paralelamente a uma reunião com os conselheiros na Casa Branca para fazer um balanço dos preparativos.

O sudeste dos Estados Unidos ainda se recupera do Helene, que causou inundações e danos consideráveis em meia dúzia de estados.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.