Diário francês Le Monde deixa de publicar na rede X
O diário francês Le Monde anunciou nesta segunda-feira (20) que vai deixar de publicar conteúdos no X (antigo Twitter) devido à "intensificação do ativismo" do dono Elon Musk, próximo de Donald Trump, e à "crescente toxicidade" desta rede social.
"Também redobraremos a nossa vigilância em diversas outras plataformas, em particular o TikTok e as da Meta [dona do Facebook, Instagram e WhatsApp], depois das preocupantes declarações de Mark Zuckerberg", que se aproximou das posições do presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou o diretor do Le Monde, Jérôme Fenoglio, no editorial.
Na rede X, "a utilidade da nossa presença pesa menos do que os inúmeros efeitos secundários sofridos", considerou Fenoglio.
Elon Musk, que comprou a rede em 2022, transformou-a "como uma extensão da sua ação política, um libertarianismo cada vez mais próximo da extrema-direita, em um instrumento de pressão que quer exercer sobre os seus concorrentes ou sobre governos sociais-democratas europeus", prosseguiu.
"Esta mistura de ideologia e comércio continuou a tornar o Le Monde cada vez mais invisível, como a maioria dos outros veículos de comunicação tradicionais", salientou Fenoglio, sublinhando que, há mais de um ano, as publicações da redação sobre o X foram reduzidas "ao mínimo estrito".
A partir de agora, o compartilhamento de conteúdos na rede será interrompido, "enquanto funcionar desta forma".
O diretor recomenda que os jornalistas do Le Monde façam o mesmo.
Ele disse ainda esperar "que a União Europeia não ceda na sua definição de debate público, dotado de regras, respeitador dos participantes, da informação que aí circula e das opiniões que alimentam".
O Le Monde junta-se a outros meios de comunicação, franceses (Ouest France, Sud Ouest, Mediapart, La Voix du Nord) ou estrangeiros (The Guardian, La Vanguardia) que já deixaram de publicar no X nos últimos meses, tendo como pano de fundo o regresso à Casa Branca de Donald Trump, de quem Musk tornou-se um colaborador próximo.