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Internacional

Escalada de conflitos é risco para 2025, diz Fórum Econômico Mundial

Levantamento também cita desinformação e crise climática
RTP
Publicado em 15/01/2025 - 10:55
DAVOS
Ucrânia. 29/12/2023 Ucrânia relata um dos maiores ataques de mísseis da Rússia na guerra; 31 pessoas morreram.Ataque russo com mísseis em Kiev
Foto: Reuters/Valentyn Ogirenko/Proibida reprodução
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Os conflitos armados são o principal risco em 2025, segundo uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial divulgado nesta quarta-feira (15). O documento recorda o aprofundamento da fragmentação global, enquanto líderes de governo e empresários participarão de um encontro anual em Davos, na próxima semana.

Antes do encontro na estação de esqui suíça, o Fórum Econômico Mundial perguntou a mais de 900 líderes empresariais, políticos e acadêmicos sobre os riscos mais preocupantes em 2025. O resultado do levantamento está no Global Risk Report 2025, relatório anual do Fórum.

Olhando para os próximos 12 meses, 23% dos inquiridos temem um “conflito armado baseado no Estado”, uma vez que a Rússia continua em guerra na Ucrânia e uma série de outros confrontos letais continuam em locais como Sudão do Sul e na Faixa de Gaza.

“Em um mundo marcado pelo aprofundamento das divisões e por riscos em cascata, os líderes globais têm uma escolha a fazer: promover a colaboração e a resiliência ou enfrentar uma instabilidade crescente”, afirmou Mirek Dusek, diretor-geral do Fórum Econômico Mundial, em comunicado que acompanha o resultado da pesquisa.

“Os desafios nunca foram tão grandes.”

Segundo o presidente do Fórum Econômico Mundial, George Brende, “a Síria, a terrível situação humanitária em Gaza e a potencial escalada do conflito no Oriente Médio serão os temas centrais da reunião”.

Nesta quarta-feira, autoridades estão reunidas no Catar definindo os últimos detalhes de um potencial cessar-fogo em Gaza, depois de maratonas de rodadas de negociação.

Crise climática

A emergência climática também deverá ser causa de preocupações na próxima década, segundo o levantamento do Fórum Econômico Mundial.

Com os incêndios florestais devastadores que continuam a assolar Los Angeles, o segundo risco mais comum apontado para 2025 foi justamente “fenômenos climáticos extremos”, apontado por 14% dos inquiridos na pesquisa.

Ao longo do ano passado, uma série de inundações, secas e incêndios dramáticos marcaram o impacto da crise climática nos padrões meteorológicos. Os cientistas concluíram que o aquecimento global torna estes fenômenos mais prováveis e, em muitos casos, mais extremos.

Quando se pediu aos líderes mundiais que olhassem para o futuro e identificassem os principais riscos que o mundo enfrentará na próxima década, quatro em cada dez respostas estavam relacionadas com a crise climática.

Os fenômenos meteorológicos extremos foram a opção escolhida com mais frequência, seguidos da perda de biodiversidade, das “alterações críticas dos sistemas terrestres” e da escassez de recursos naturais.

“A crise do clima e da natureza exige atenção e ação urgentes. Em 2024, o aquecimento global anual atingiu um recorde de 1,54 graus Celsius (°C) acima da média pré-industrial, com muitas partes do mundo registando eventos climáticos catastróficos e sem precedentes”, afirmou Gim Huay Neo, diretor executivo do Fórum Econômico Mundial.

De acordo com a pesquisa, um risco global é definido como uma condição que afetaria negativamente uma proporção significativa do PIB mundial, da população ou dos recursos naturais.

Desinformação e IA

Duas preocupações relacionadas com a inovação tecnológica surgem em seguida na lista de ameaças: “desinformação”, seguida de “resultados adversos das tecnologias de Inteligência Artificial”.

O levantamento que resultou nesta última edição do Global Risks Report foi realizado no final do ano passado, mas as preocupações com a desinformação vêm se intensificando à medida que Donald Trump volta ao poder neste mês, em uma aliança estreita com os expoentes de Vale do Silício que defendem a desregulamentação radical no âmbito da internet.

A Meta anunciou que vai abandonar a checagem de fatos e trabalhar com a administração Trump para fazer frente a outras nações que procuram controlar as plataformas de redes sociais.

Muitos governos esperam que a Inteligência Artificial (IA) dê um impulso necessário à produtividade; mas mesmo alguns dos defensores da tecnologia fizeram soar o alarme sobre alguns riscos.

No extremo, esses riscos incluem a ideia de que a IA pode representar um risco existencial para a humanidade caso se torne mais inteligente do que os humanos.

Este ano, o encontro em Davos, com duração de uma semana, ocorre na semana da posse de Donald Trump – com participação virtual do novo presidente na próxima quinta-feira (23).

Os organizadores contam com a participação de 60 chefes de Estado e de Governo, bem como de diretores executivos e ativistas.

O tema do encontro de três mil pessoas é “um apelo à colaboração na era da inteligência”, no momento em que a expectativa é de que Trump reduza a cooperação em uma série de questões globais, incluindo a crise climática.

O novo presidente deverá retirar os EUA do Acordo de Paris sobre o clima e usou o seguinte bordão para se referir à extração de combustíveis fósseis: "Drill, baby, drill!" (Fure, bebê, fure!).

Trump também tem apelado repetidamente aos parceiros de defesa dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que incluem o Reino Unido, para que aumentem significativamente as despesas com a defesa.