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Internacional

Estudo em larga escala aplica IA para detectar câncer de mama

Pesquisa foi feita na Alemanha com ferramenta em tempo real
RTP
Publicado em 07/01/2025 - 11:20
Alemanha
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Um estudo da Universidade de Lübeck, na Alemanha, concluiu que a utilização de inteligência artificial (IA) na análise de mamografias para rastreio do câncer da mama aumenta a "taxa de detecção sem ter aumentar a taxa de falsos positivos", informou um coautor do estudo que explicou o que distingue esta investigação de outros estudos.

A ferramenta de IA foi aplicada em tempo real e envolvendo um grupo ampliado de pessoas, em vez de ser utilizada posteriormente como vinha sendo feito até agora.

Os investigadores da Universidade de Lübeck testaram, pela primeira vez, a IA em um programa para de rastreamento da doença. Foram analisados os dados de 461.818 mulheres na Alemanha, submetidas ao rastreio do câncer da mama entre julho de 2021 e fevereiro de 2023.

O rastreamento ocorreu no âmbito de um programa nacional dirigido a mulheres assintomáticas com idades entre 50 e 69 anos.

Publicado no The Journal Nature Medicine, o estudo indica que, ao todo, 2.881 mulheres foram diagnosticadas com câncer da mama. Dois radiologistas analisaram os exames de todas as mulheres. No entanto, para um grupo de 260.739 mulheres um dos especialistas utilizou uma ferramenta de inteligência artificial.

A conclusão a que os investigadores chegaram é que a IA detectou um caso a mais de câncer para cada mil mulheres examinadas.

Citado pelo jornal britânico The Guardian, o coautor da pesquisa Alexander Katalinic afirma que “poderíamos melhorar a taxa de detecção sem aumentar os danos para as mulheres que participam do rastreamento do câncer da mama” com a IA.

Para além disto, o estudo acredita que a inteligência artificial poderia reduzir a carga de trabalho dos radiologistas.

Processo

A ferramenta de IA utilizada, além de classificar os exames que considera sem suspeitas como “normais”, também emite um alerta de uma “rede de segurança” quando detecta um exame suspeito que foi considerado insuspeito pelo radiologista. Neste caso, é destacada a área que merece um exame minucioso.

A taxa de detecção foi 6,7% no grupo que utilizou a ferramenta de IA. No entanto, depois de ter em conta fatores como a idade das mulheres e dos radiologistas envolvidos, os investigadores descobriram que a diferença na taxa de detecção aumentou para 17,6% para o grupo IA.

Em outras palavras, com a aplicação da ferramenta, foi detectado um caso a mais da doença para cada mil mulheres examinadas.

O alerta da “rede de segurança” foi acionado 3.959 vezes no grupo com a ferramenta IA e deu origem a 204 diagnósticos de câncer de mama. Por outro lado, a inteligência artificial falhou em 20 diagnósticos por não ter identificado a doença.

Stephen Duffy, professor emérito de rastreio do câncer na Universidade Queen Mary, em Londres, que não estava envolvido no trabalho, disse ao The Guardian que os resultados são impressionantes.

Riscos

Diante dos resultados, surgiram alertas como o de uma especialista da Universidade de Lund, na Suécia, que defende que “o acompanhamento a longo prazo é essencial para compreender completamente as implicações clínicas da integração da IA no rastreamento” com mamografias.

“Os resultados são encorajadores, mas é essencial garantir que seja implementado um método capaz de detectar casos de câncer clinicamente relevantes em fase inicial, já que a detecção precoce pode melhorar significativamente" a luta contra a doença, informou Kristina Lång.