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Internacional

Medicamentos inovadores podem ajudar a conter doença de Alzheimer

Especialistas citam nova era na luta contra a demência
RTP*
Publicado em 09/01/2025 - 09:00
Londres
Brasília (DF), 22/09/2023 - Natália Duarte e seu pai, Ítalo, que tem a doença de Alzheimer. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
© Marcelo Camargo/Agência Brasil
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Avanços na medicina têm possibilitado o desenvolvimento de medicamentos que podem prevenir ou mitigar os efeitos do Alzheimer. Especialistas destacam uma "nova era" na luta contra a demência, uma das doenças mais temidas. 

Estima-se que mais de 50 milhões de pessoas no mundo inteiro vivam com demência. A cada ano, são diagnosticados aproximadamente 10 milhões de novos casos.

Em Portugal, cerca de 200 mil pessoas são afetadas pela demência, sendo que o Alzheimer é responsável por 60% a 70% dos casos, segundo informação divulgada pelo CNS- Campus Neurológico. De acordo com a Associação Alzheimer Portugal, essa é uma condição cerebral progressiva que “provoca a neurodegeneração e o consequente agravamento, de forma progressiva e irreversível, das funções cerebrais, culimando na total perda de autonomia”.

A demência está entre as doenças mais temidas, sendo superada apenas pelo câncer e pelo acidente vascular cerebral (AVC), segundo a informação disponibilizada no site da Alzheimer Portugal.

Segundo Jeff Cummings, professor de ciência do cérebro e da saúde da Universidade de Nevada, citado no jornal britânico The Guardian, os desenvolvimentos científicos estão prestes a produzir medicamentos que poderão ser utilizados em todas as regiões, incluindo aquelas que têm poucos recursos.

“Estamos realmente numa nova era. Abrimos a porta para entender e manipular a biologia da doença de Alzheimer para o benefício dos nossos doentes”, afirma.

Atualmente, existem dois fármacos que podem alterar o curso da doença em fase precoce: Lecanemab e o Donanemb - ambos foram aprovados pelas autoridades reguladoras dos medicamentos dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Em 2024, a Agência Europeia de Medicamentos também aprovou o uso do Lecanemab para alguns doentes com Alzheimer numa fase precoce, uma vez que o medicamento demonstrou atrasar o progresso da doença. Inicialmente, o fármaco não foi aprovado devido aos efeitos colaterais, especialmente o inchaço cerebral e as hemorragias, além do elevado custo do tratamento. Até o momento, nenhum dos dois fármacos foi aprovado em Portugal.

De acordo com Cummings, esses medicamentos oferecem dados concretos sobre como atingir a doença, abrindo novas possibilidades de terapias. Os pesquisadores fazem testes em 127 medicamentos para conter efeitos causados pelo Alzheimer.

Estudos recentes sugerem que os novos medicamentos poderiam ser administrados por injeção subcutânea, ao contrário dos já aprovados que exigem diagnóstico complexo e administração intravenosa, representando uma limitação para as regiões mais desfavorecidas.

A recente decisão da Food and Drug Administration, autoridade reguladora norte-americana, permite que o diagnóstico seja feito à base de um exame de sangue, facilitando a inscrição em testes de medicamentos para a demência. Essa decisão pode proporcionar a realização de exames de sangue para se ter o diagnóstico numa clínica.

Com o objetivo de combater a doença, Cummings afirmou, em evento da Alzheimer's Disease International (ADI) que, no final, a busca é por medicamentos orais, comprimidos que possam ser tomados uma vez por dia.

Segundo a informação divulgada no evento, estão sendo testadas formas de comprimidos de semaglutida para o Alzheimer e espera-se que os resultados sejam conhecidos ainda neste ano. O professor de ciência que lidera os testes considera que o medicamento pode ser eficaz na redução da inflamação, “parte fundamental da doença”.

Apesar do conhecimento adquirido pelos estudiosos sobre a manipulação da biologia, a possibilidade de cura continua a ser considerada “difícil”. Eles acreditam que 40¢ dos casos de Alzheimer poderiam ser prevenidos ao combater alguns comportamentos de risco, como o tabagismo, o consumo de álcool e a poluição.

O número de indivíduos que sofrem com a doença que “rouba” memórias continua a aumentar diariamente.

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