União Europeia não vai permitir anexação da Groenlândia pelos EUA


O chefe da diplomacia francesa, Jean-Noel Barrot, disse hoje que a União Europeia não vai permitir que países "ataquem fronteiras soberanas" do bloco europeu, referindo-se à nova ameaça de Donald Trump sobre a anexação da Groenlândia.
A Groenlândia, região autônoma da Dinamarca, é "um território da União Europeia", disse o ministro dos Relações Exteriores da França à rádio France Inter.
"A Groenlândia pertence às pessoas da Groenlândia", afirmou nesta terça-feira (7) a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, depois de Donald Trump, cujo filho está em visita à ilha, ter sugerido a anexação do território pelos Estados Unidos.
"Como afirmou o chefe do governo regional, Mute Egede, a Groenlândia não está à venda", disse Mette Frederiksen ao canal de televisão dinamarquês TV2.
A chefe de executivo da Dinamarca disse também que os Estados Unidos são o aliado mais próximo do seu país.
A questão não é nova, mas ontem Donald Trump, que toma posse como chefe de Estado norte-americano no dia 20 de janeiro, reiterou as ambições sobre anexar o Canal do Panamá e a Groenlândia, "pela força se necessário".
Em uma coletiva de imprensa na residência particular de Mar-a-Lago, na Flórida, o futuro presidente dos Estados Unidos voltou a falar das ambições expansionistas, um tema que já tinha defendido no mandato anterior (2017-2021).
Os jornalistas da France Presse que estiveram na coletiva disseram que "como de costume, foi difícil distinguir entre anúncios reais e exageros nas declarações sensacionalistas" de Trump.
Questionado sobre se poderia garantir que não utilizaria as Forças Armadas para anexar o Canal do Panamá – um ponto vital para a navegação internacional –, e a Groenlândia, um território autônomo da Dinamarca, Donald Trump respondeu que não pode dar qualquer garantia.
O presidente eleito já declarou em várias ocasiões que pretende anexar o Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, se o preço das taxas para os navios norte-americanos não for reduzido.
Na mesma coletiva de imprensa, Trump voltou a criticar o acordo assinado em 1977 pelo então Presidente Jimmy Carter (1924-2024), que levou à transferência do controle do canal para o Panamá em 1999.
Paralelamente, o filho do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump Júnior iniciou na terça-feira uma visita privada à Groenlândia.
"A Groenlândia é um lugar incrível assim como os habitantes locais. Se e quando fizerem parte da nossa nação, vão se beneficiar enormemente (...). 'Make Greenland great again!'", escreveu Donald Trump nas redes sociais.
O território autônomo, que procura obter soberania mas continua financeiramente dependente da Dinamarca, é cobiçado pelos recursos naturais – embora a prospecção de petróleo e a extração de urânio sejam proibidas.
A região é também importante do ponto de vista geoestratégico sendo que os Estados Unidos têm uma base militar na Groenlândia.
Ulrik Pram Gad, especialista em questões relacionadas à Groenlândia no Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais, disse hoje à France Presse que é preocupante a forma como o futuro chefe de Estado Donald Trump fala sobre as relações entre os países.
Esta não é a primeira vez que o bilionário norte-americano mostra interesse na Groenlândia.
Em 2019, durante o primeiro mandato como presidente dos Estados Unidos considerou comprar a região autônoma mas a proposta foi recusada.
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

