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Internacional

Israel continua a bombardear Gaza e avisa que "é apenas o início"

Hamas diz que não fechou porta às negociações
Mariana Ribeiro Soares - Repórter da RTP
Publicado em 19/03/2025 - 10:54
Gaza
Área atingida por ataque israelense em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza
18/03/2025
Reuters/Mahmoud Issa/Proibida reprodução
© Reuters/Mahmoud Issa/Proibida reprodução
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

A Faixa de Gaza voltou a ser alvo de ataques aéreos israelenses na última noite, depois do violento ataque de terça-feira que fez mais de 400 mortos. O primeiro-ministro israelense alertou que o ataque foi "apenas o início" e que as negociações, a partir de agora, "só se realizarão debaixo de fogo". O Hamas diz que "não fechou a porta às negociações", mas exige que Israel "cesse imediatamente" as hostilidades.

Pelo menos 13 pessoas morreram em ataques aéreos em Gaza na última noite, depois de Israel ter anunciado que estava retomando as operações de combate no território palestino, quebrando o cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro.

A maioria dos bombardeios israelenses ocorreu no sul do enclave palestino, perto da zona humanitária de Mawasi, que o Exército tinha estabelecido meses antes como "refúgio seguro" para pessoas deslocadas de outras áreas atacadas e onde milhares de moradores de Gaza ainda vivem em tendas.

A agência de notícias palestina Wafa, citando fontes locais, relata que os ataques israelenses ocorreram com a utilização de drones e aviões de guerra, que tinham como alvo tendas onde mulheres e crianças dormiam.

O Exército israelense fez, nesta quarta-feira, novo pedido para que a população de Gaza abandone "zonas de combate perigosas" no norte e sul do território.

A ordem de evacuação aplica-se às regiões de Beit Hanoun, Khirbet Khuza'a, Abasan al-Kabira e Abasan al-Jadida, onde o Exército "iniciou operações contra grupos terroristas", disse o porta-voz do Exército israelense, Avichay Adraee, na rede social X, apelando aos moradores que "se mudem para abrigos no oeste da Cidade de Gaza e na cidade de Khan Younis".O apelo surge um dia depois dos intensos bombardeios que fizeram mais de 400 mortos na Faixa de Gaza – um dos dias mais mortíferos desde o início da guerra.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, justificou o violento ataque com a recusa do Hamas em libertar os reféns restantes e também por ter rejeitado as propostas dos Estados Unidos para prolongar a primeira fase do cessar-fogo, em vez de passar à segunda fase do acordo, como originalmente acordado.

Netanyahu avisou que o ataque de ontem “foi apenas o início” e que, “a partir de agora”, as negociações sobre a libertação dos reféns ainda em Gaza "só se realizarão debaixo de fogo".

Hamas 

O Hamas, por sua vez, disse que “não fechou a porta às negociações”, mas exige que Israel “cesse imediatamente” as hostilidades.

"Não temos condições prévias, mas exigimos que [Israel] seja forçado a cessar imediatamente [as hostilidades] e a iniciar a segunda fase de negociações" prevista no acordo de tréguas, disse um líder do grupo armado palestino, Taher al-Nounou, à AFP.

O Hamas insiste que “não há necessidade de novos acordos”, lembrando que “já existe um assinado por todas as partes”.

O acordo de tréguas, que entrou em vigor em 19 de janeiro, tem três etapas. A primeira fase terminou em 1º de março e Israel e o Hamas não chegaram a um entendimento sobre como prosseguir. Das 251 pessoas raptadas durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, 58 permanecem em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo Exército israelense.

Na segunda fase do acordo, o Hamas libertaria os restantes reféns e Israel retiraria as tropas de Gaza. No entanto, ao invés de avançar para a segunda fase, Israel e os EUA têm pressionado por uma extensão da primeira até meados de abril, com mais reféns a serem libertados em troca de mais prisioneiros palestinos. O Hamas, no entanto, não aceitou a proposta e insiste que seja cumprido o acordo inicial.

As duas delegações tentam, por meio de mediadores americanos, cataris e egípcios, ultrapassar divergências em relação à segunda fase. O Egito, um dos mediadores, disse que os novos ataques são uma violação "flagrante" do cessar-fogo.

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