Situação no Sudão do Sul se deteriora em ritmo alarmante, diz ONU


O aumento da violência e o atrito político no Sudão do Sul ameaçam seu frágil processo de paz, afirmou um órgão de direitos humanos das Nações Unidas neste sábado (08), dias após a prisão de várias autoridades aliadas ao vice-presidente do país.
No início deste mês, as forças de segurança leais ao presidente Salva Kiir prenderam dois ministros e vários oficiais militares de alto escalão aliados a Riek Machar.
As prisões geraram temores quanto ao futuro de um acordo de paz de 2018 que encerrou uma guerra civil de cinco anos entre as forças leais a Kiir e Machar, que custou quase 400.000 vidas.
"Estamos testemunhando uma regressão alarmante que pode apagar anos de progresso duramente conquistado. Em vez de alimentar a divisão e o conflito, os líderes devem urgentemente voltar a se concentrar no processo de paz, defender os direitos humanos dos cidadãos sul-sudaneses e garantir uma transição tranquila para a democracia", disse Yasmin Sooka, presidente da Comissão de Direitos Humanos da ONU no Sudão do Sul, em um comunicado.
As prisões ocorreram depois de fortes confrontos nas últimas semanas na cidade estratégica de Nasir, no norte do país, entre as forças nacionais e a milícia do Exército Branco, um grupo pouco organizado, em sua maioria de Nuer, o grupo étnico de Machar.
O porta-voz do governo, Michael Makuei, disse que as prisões foram feitas porque os oficiais aliados de Machar estão em "conflito com a lei". Ele acusou as forças leais a Machar de colaborar com o Exército Branco e atacar uma guarnição militar perto da cidade de Nasir em 4 de março.
O partido de Machar negou as acusações.
Neste sábado, a agência de inteligência dos Serviços de Segurança Nacional disse que havia prendido e detido várias pessoas "que se acredita terem ligações verificadas com o confronto militar" em Nasir e em outra cidade próxima. A agência não informou o número total de prisões ou suas identidades.
Makuei não respondeu imediatamente quando procurado para comentar a declaração da comissão de direitos humanos.
Na sexta-feira, um general sul-sudanês e dezenas de soldados foram mortos quando um helicóptero da ONU que tentava evacuá-los de Nasir foi atacado, segundo o governo.
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