logo Agência Brasil
Internacional

Ucrânia pode manter a linha de frente, diz Kiev

Trump sustendeu ajuda militar ao país
Andrea Shalal e Max Hunder - Repórteres da Reuters
Publicado em 04/03/2025 - 17:03
Washington
epa04088993  Riot police officers stand on Independence Square in downtown Kiev, Ukraine, 19 February 2014. Twenty-five people were killed and 351 injured during violent clashes on 18 February, the Health Ministry said, as on-going protests, which began in November after Ukrainian President Viktor Yanukovych backed away from a trade agreement with the EU in favour of a 15-billion-dollar loan from Russia, continued. European Union diplomats were rushing to draft sanctions against those responsible for fresh violence and excessive use of force in Ukraine on 19 February, a day before the bloc's foreign ministers are to attend an emergency meeting in Brussels. EU sanctions typically include travel bans, asset freezes and embargoes on goods such as weapons. There was speculation in Brussels that Ukrainian President Viktor Yanukovych will be among those targeted.  EPA/IGOR KOVALENKO
© EPA/IGOR KOVALENKO/Proibida reprodução
Reuters

A Ucrânia disse nesta terça-feira (4) que suas forças podem se segurar no campo de batalha contra as tropas russas, após o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, paralisar auxílio militar para Kiev, a medida mais dramática até agora em sua guinada para estreitar relações com a Rússia.

Trump alterou a política dos EUA para Ucrânia e Rússia, culminando em uma discussão explosiva na Casa Branca na última sexta-feira (25), quando Trump repreendeu o presidente Volodymyr Zelenskiy por não ser grato o suficiente pelo apoio de Washington.

“O presidente Trump tem sido claro que está focado na paz. Precisamos que nossos parceiros também estejam comprometidos com esse objetivo. Estamos paralisando e revisando nosso auxílio para garantir que ele esteja contribuindo para uma solução”, disse uma autoridade norte-americana na segunda-feira (3).

O primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, disse que Kiev ainda tem os meios para abastecer suas tropas. “Nosso Exército e o governo têm as capacidades, as ferramentas, digamos, para manter a situação na linha de frente.”

Shmyhal agradeceu os Estados Unidos e enfatizou que Kiev deseja uma cooperação mutuamente benéfica.

“Continuaremos trabalhando com os EUA, por todos os canais disponíveis, de maneira calma”, disse, em entrevista coletiva. “Nós tempos apenas um plano -- vencer e sobreviver. Ou vencemos, ou o Plano B será escrito por outra pessoa”.

O próprio Zelenskiy ficou em silêncio sobre o congelamento de auxílio. Até o meio da tarde desta terça-feira em Kiev, sua única declaração pública foi dizer que havia falado com Friedrich Merz, que deverá se tornar o novo chanceler da Alemanha, enfatizando o apoio militar e financeiro de Berlim.

“Nós lembramos que a Alemanha lidera o fornecimento de sistemas de defesa aérea à Ucrânia e tem um papel crucial em garantir nossa estabilidade financeira”, disse, no X, após a ligação.

O Kremlin afirmou que cortar auxílio militar à Ucrânia era o melhor passo possível na direção da paz, embora ainda esteja aguardando para confirmar a medida de Trump.

A Ucrânia tem dependido de auxílio militar dos EUA da Europa para segurar um adversário muito maior e mais bem armado ao longo de três anos de uma guerra que matou e feriu centenas de milhares de soldados nos dois lados e destruiu cidades ucranianas.

Especialistas militares afirmaram que pode levar algum tempo para o impacto da paralisação de auxílio dos EUA ser sentido.

Quando a assistência norte-americana foi retida pelos republicanos do Congresso durante vários meses ano passado, o impacto inicial mais notável foi a escassez de defesas aéreas para derrubar mísseis e drones russos, embora posteriormente as forças ucranianas tenham reclamado de falta de munição no frente. 

“É bastante significativo, mas nem perto de ter o mesmo impacto que teria mais cedo na guerra porque a Ucrânia é muito menos dependente de auxílio militar direto dos EUA neste momento”, disse Michael Kofman, membro sênior do Carnegie Endowment.