

A Ucrânia disse nesta terça-feira (4) que suas forças podem se segurar no campo de batalha contra as tropas russas, após o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, paralisar auxílio militar para Kiev, a medida mais dramática até agora em sua guinada para estreitar relações com a Rússia.
Trump alterou a política dos EUA para Ucrânia e Rússia, culminando em uma discussão explosiva na Casa Branca na última sexta-feira (25), quando Trump repreendeu o presidente Volodymyr Zelenskiy por não ser grato o suficiente pelo apoio de Washington.
“O presidente Trump tem sido claro que está focado na paz. Precisamos que nossos parceiros também estejam comprometidos com esse objetivo. Estamos paralisando e revisando nosso auxílio para garantir que ele esteja contribuindo para uma solução”, disse uma autoridade norte-americana na segunda-feira (3).
O primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, disse que Kiev ainda tem os meios para abastecer suas tropas. “Nosso Exército e o governo têm as capacidades, as ferramentas, digamos, para manter a situação na linha de frente.”
Shmyhal agradeceu os Estados Unidos e enfatizou que Kiev deseja uma cooperação mutuamente benéfica.
“Continuaremos trabalhando com os EUA, por todos os canais disponíveis, de maneira calma”, disse, em entrevista coletiva. “Nós tempos apenas um plano -- vencer e sobreviver. Ou vencemos, ou o Plano B será escrito por outra pessoa”.
O próprio Zelenskiy ficou em silêncio sobre o congelamento de auxílio. Até o meio da tarde desta terça-feira em Kiev, sua única declaração pública foi dizer que havia falado com Friedrich Merz, que deverá se tornar o novo chanceler da Alemanha, enfatizando o apoio militar e financeiro de Berlim.
“Nós lembramos que a Alemanha lidera o fornecimento de sistemas de defesa aérea à Ucrânia e tem um papel crucial em garantir nossa estabilidade financeira”, disse, no X, após a ligação.
O Kremlin afirmou que cortar auxílio militar à Ucrânia era o melhor passo possível na direção da paz, embora ainda esteja aguardando para confirmar a medida de Trump.
A Ucrânia tem dependido de auxílio militar dos EUA da Europa para segurar um adversário muito maior e mais bem armado ao longo de três anos de uma guerra que matou e feriu centenas de milhares de soldados nos dois lados e destruiu cidades ucranianas.
Especialistas militares afirmaram que pode levar algum tempo para o impacto da paralisação de auxílio dos EUA ser sentido.
Quando a assistência norte-americana foi retida pelos republicanos do Congresso durante vários meses ano passado, o impacto inicial mais notável foi a escassez de defesas aéreas para derrubar mísseis e drones russos, embora posteriormente as forças ucranianas tenham reclamado de falta de munição no frente.
“É bastante significativo, mas nem perto de ter o mesmo impacto que teria mais cedo na guerra porque a Ucrânia é muito menos dependente de auxílio militar direto dos EUA neste momento”, disse Michael Kofman, membro sênior do Carnegie Endowment.
