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Internacional

Israel mata autoridade do Hezbollah em ataque aéreo a Beirute

Hassan Bdeir era membro de uma unidade do grupo e da Força Quds
Maya Gebeily, Laila Bassam e James Mackenzie - Repórteres da Reuters*
Publicado em 01/04/2025 - 08:25
Beirute e Jerusalém
Área destruída no sul do Líbano
 28/11/2024    REUTERS/Adnan Abidi
© Reuters/Adnan Abidi/proibida a reprodução
Reuters

Um ataque aéreo israelense matou quatro pessoas, incluindo uma autoridade do Hezbollah nos subúrbios do sul de Beirute nesta terça-feira (1º), disse uma fonte de segurança libanesa, testando ainda mais um cessar-fogo instável entre Israel e o Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã.

Os militares israelenses disseram que a autoridade -- Hassan Bdeir -- era membro de uma unidade do Hezbollah e da Força Quds do Irã, e que ela havia ajudado o grupo palestino Hamas a planejar um "ataque terrorista significativo e iminente contra civis israelenses".

A fonte de segurança libanesa afirmou que o alvo era um representante do Hezbollah, cujas responsabilidades incluíam o arquivo palestino. O Ministério da Saúde libanês disse que o ataque matou quatro pessoas -- incluindo uma mulher -- e feriu sete.

Esse foi o segundo ataque aéreo de Israel no subúrbio de Beirute controlado pelo Hezbollah em cinco dias, aumentando a pressão sobre o cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos que encerrou o conflito devastador do ano passado.

Os ataques aos subúrbios ao sul de Beirute foram retomados em um momento de escalada mais ampla na região, com Israel reiniciando os ataques em Gaza após uma trégua de dois meses e os Estados Unidos atingindo os houthis, alinhados ao Irã, no Iêmen, em uma tentativa de fazê-los parar de atacar os navios do Mar Vermelho.

O parlamentar do Hezbollah Ibrahim Moussawi disse que o ataque israelense representou "agressão grande e grave que elevou a situação a um nível totalmente diferente".

Em declaração após visitar o prédio atingido, ele pediu ao Estado libanês que "acione o mais alto nível de diplomacia para encontrar soluções".

O ministro israelense das Relações Exteriores, Gideon Saar, afirmou que o agente do Hezbollah eliminado representava ameaça real e imediata.

"Esperamos que o Líbano tome medidas para erradicar as organizações terroristas que agem dentro de suas fronteiras contra Israel", disse.

Israel desferiu duros golpes no Hezbollah durante a guerra, matando milhares de seus combatentes, destruindo grande parte de seu arsenal e eliminando os principais líderes, incluindo Hassan Nasrallah.

O Hezbollah negou qualquer participação nos recentes ataques com foguetes do Líbano contra Israel, incluindo um que levou Israel a realizar um bombardeio aéreo nos subúrbios do sul na última sexta-feira (28).

O ataque da madrugada desta terça-feira parece ter danificado os três andares superiores de um prédio, segundo repórter da Reuters que estava no local, com as varandas desses andares destruídas.

Os vidros dos andares inferiores estavam intactos, indicando um ataque direcionado. Ambulâncias estavam no local enquanto famílias fugiam para outras partes de Beirute.

Não houve aviso prévio, em contraste com o ataque de sexta-feira, quando os militares israelenses anunciaram qual prédio pretendiam atingir e ordenaram que os moradores deixassem a área.

O presidente libanês, Joseph Aoun, condenou o último ataque aéreo, chamando-o de "aviso perigoso" que sinaliza intenções premeditadas contra o Líbano, o que intensificaria a aproximação diplomática e mobilizaria aliados internacionais.

O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, disse que o ataque foi violação flagrante de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, na qual o cessar-fogo se baseou, e do acordo de cessar-fogo.

*(Reportagem adicional de Ahmed Al Kerdi, Enas Alashray, Tala Ramadan e Jana Choukeir)

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