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Justiça

Cid confirma que Bolsonaro determinou monitoramento de Moraes

Declaração é parte de delação premiada que teve o sigilo retirado
André Richter - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 19/02/2025 - 15:48
Brasília
Brasília (DF) 11/07/2023  Depoimento para CPMI do golpe do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante-de-ordens do então presidente Jair Bolsonaro.Foto Lula Marques/ Agência Brasil.
© Lula Marques/ Agência Brasil

O tenente-coronel Mauro Cid confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro determinou a realização do monitoramento da rotina do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator da investigação sobre a trama golpista.

A declaração está em um dos depoimentos de delação premiada que teve o sigilo retirado após o oferecimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e mais 33 investigados no inquérito do golpe.

O monitoramento das atividades de Moraes já foi tornado público no ano passado, quando os acusados foram indiciados pela Polícia Federal (PF). A acusação foi inserida pela PGR e enviada ao Supremo.

Nos depoimentos, Mauro Cid disse que foi Bolsonaro quem determinou o acompanhamento do ministro. Conforme a delação, o ex-presidente se referia a Moraes com o codinome "professora".

"Indagado quem solicitou ao colaborador que fizesse o acompanhamento do ministro Alexandre de Moraes, respondeu que foi o próprio presidente da República Jair Bolsonaro quem pediu para verificar a posição, localização do ministro", disse Cid.

>> Saiba as exigências de Mauro Cid para acordar delação premiada


O ex-ajudante afirmou ainda que Bolsonaro queria confirmar se Moraes teria um encontro marcado com o então vice-presidente, Hamilton Mourão. Um dos pedidos de monitoramento ocorreu em dezembro de 2022, segundo o delator.

"Indagado sobre o motivo da determinação feita pelo então presidente Jair Bolsonaro para que fosse realizado o acompanhamento do ministro Alexandre de Moraes, respondeu que um dos motivos foi o fato de que o então presidente havia recebido uma informação de que o general Mourão estaria se encontrando com o ministro Alexandre de Moraes, em São Paulo", completou.

De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), além do monitoramento de Moraes, Bolsonaro estava ciente e concordou com o planejamento e a execução de ações para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o plano intitulado “Punhal Verde Amarelo” foi arquitetado e levado ao conhecimento do então presidente da República.

Defesa

Em nota divulgada após a denúncia, o advogado Paulo Cunha Bueno, representante de Bolsonaro, declarou que o ex-presidente “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.