CPI da Petrobras ouve depoimento de ex-gerente da Refinaria Abreu e Lima
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ouve hoje (31) o depoimento do ex-gerente-geral da Refinaria Abreu e Lima no município de Ipojuca, em Pernambuco, Glauco Legatti. O executivo foi afastado do cargo em novembro, por decisão interna da Petrobras. De acordo com o engenheiro Shinko Nakandakari, um dos delatores da Operação Lava Jato, Legatti recebeu propina do chamado clube – cartel de empresas que, supostamente, pagava para obter contratos com a Petrobras e que é alvo de investigação da Polícia Federal.
A Refinaria Abreu e Lima começou a operar no fim do ano passado em Pernambuco. Com projeto inicial orçado em US$ 2,5 bilhões, a construção da refinaria acabou custando cerca de US$ 18 bilhões.
Em depoimento à CPI da Petrobras na semana passada, a ex-presidenta da empresa Graça Foster falou sobre a discrepância entre o valor orçado inicialmente e o valor final do projeto. Para ela, o projeto básico da refinaria foi mal elaborado. “Se você não tem projetos básicos de qualidade, você vai ter aditivos. Na Abreu e Lima, a questão principal foram as mudanças sucessivas no projeto. Até as características do petróleo que seria refinado ali mudaram durante o processo”, disse Graça, para quem a empresa cometeu um erro ao divulgar o valor inicial.
Durante as investigações da Lava Jato, a Polícia Federal apontou Shinko Nakandakari como operador do esquema de pagamento de propina em nome da Galvão Engenharia. Em seus depoimentos, ele cita o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e o ex-gerente de Tecnologia Pedro Barusco como beneficiários do esquema de propina.
Em depoimento à Justiça Federal, o executivo da Galvão Engenharia, Dario Queiroz, preso na Lava Jato, disse que também foram beneficiados pelo esquema o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e João Claudio Genu, ex-assessor do PP. Queiroz admitiu ter participado de uma reunião em 2010 para acertar o pagamento de R$ 4 milhões em propina, po rmeio de contratos fraudulentos entre a empreiteira e empresas de fachada de Youssef. Os pagamentos teriam sido intermediados por Nakandakari.