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Política

No Rio, presidente da Câmara defende mandato de Dilma Rousseff

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 09/03/2015 - 17:18
Rio de Janeiro
O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha participa de almoço na Associação Comercial do Rio (Tânia Rêgo)

A  presidenta foi eleita legitimamente e tem um mandato a cumprir, diz Eduardo Cunha Tânia Rêgo/Agência Brasil

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou hoje (9)que é contra um eventual processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

“Acho que isso é golpe. Ela foi eleita legitimamente, tem um mandato a cumprir. Aqueles que votaram nela e porventura se arrependeram, deveriam ter esse juízo de valor antes de votar, e terão a oportunidade de rever na próxima eleição”, disse Cunha, na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Segundo o parlamentar, não dá para aceitar essa forma ilegal de arrancar do Poder quem foi eleito pelo povo, de maneira legítima. “Esta não é a forma de atacar o problema, na minha opinião”. Para ele, após a crise política derivada da Operação Lava Jato, a relação com a presidenta da República e com os ministros que fazem a articulação política fica institucional, como tem que ser. "Os poderes são independentes e harmônicos”, ressaltou Cunha. Ele destacou que não há confiabilidade, mas a harmonia tem de estar presente.

Cunha garantiu que não fará da presidência da Câmara uma fonte de retaliação ao governo. “Eu sei separar bem os meus papéis de presidente da Câmara e de vítima de uma abertura de inquérito imotivada, escolhida a dedo e com objetivos políticos.”

Indagado sobre o panelaço ocorrido ontem (8), em vários pontos do país, o parlamentar disse que foi uma atitude espontânea contra as medidas de ajuste do governo e também um sinal de alerta. De acordo com Cunha, isso se aplica também às manifestações convocadas para o próximo dia 15 por diversas organizações. Ele defendeu a realização de atos de protesto, desde que sejam pacíficos, sem violência, com objetivo claro, e que não busquem a ruptura da institucionalidade, seja por meio de golpe ou de um processo de impeachment.

Cunha lembrou que uma parte da população não apoia os atos e a gestão do governo, o que considera fruto da democracia. “Isso não tem nenhum problema”, disse ele. O problema é encontrar uma maneira de solucionar a crise política que se instalou no país. Cunha disse que existem condições políticas de aprovar ou dar apoio a um ajuste fiscal que resolva os problemas da economia e que, da parte da presidência da Câmara, não haverá qualquer impedimento a esse apoio. Ao presidente da Câmara só cabe colocar em votação a medida provisória, quando ela estiver pronta, esclareceu.

Ele deixou claro que a Medida Provisória 669, que trata do ajuste fiscal, foi devolvida na semana passada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e não pela presidência da Câmara. “Todas as matérias do Poder Executivo eu botei para votar. Então, da parte do presidente da Câmara, todas as matérias do governo vão ser votadas. Não há queda de braço.”

Cunha prometeu trabalhar sempre pela governabilidade. Para ele, a atuação do Ministério Público Federal, pedindo a abertura de inquérito para investigar possíveis irregularidades cometidas por parlamentares, incluindo o próprio presidente da Câmara, compromete a confiabilidade, mas não a responsabilidade deles com a governabilidade.

Segundo Cunha, todo o esforço deve ser feito para evitar que a crise política respingue, de maneira negativa, sobre a economia brasileira. “Temos que evitar que isso contamine a economia”. O presidente da Câmara reforçou que o Brasil não pode perder o grau de investimento ou a confiança dos investidores estrangeiros, e deve trabalhar para que a instabilidade política não afugente os investidores. “Precisamos ter consciência do papel que temos de desempenhar para dar um sinal de tranquilidade aos investidores e ao mercado”, pois entende que, caso isso não ocorra, a crise econômica será aprofundada. “Esse é um recado claro que quero passar.”


Fonte: Presidente da Câmara defende mandato de Dilma Rousseff, em evento no Rio