logo Agência Brasil
Política

Lava Jato desempregou mais de 10 mil pessoas na indústria naval, diz sindicato

Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 22/04/2015 - 15:10
Brasília

A Operação Lava Jato, que investiga irregularidades na Petrobras, já desempregou 10 mil pessoas ocupadas pela indústria naval e pode gerar outros 30 mil desempregos nos próximos três meses, segundo estimativa do presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha.

O presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, fala em audiência conjunta de comissões da Câmara dos Deputados sobre os impactos e os efeitos da operação lava jato (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Representante do setor naval, Ariovaldo Rocha diz que  30  mil  demissões  atingem  200  mil  pessoas 

de  forma  indireta   Antonio  Cruz/Agência  Brasil

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir os impactos das investigações na atividade econômica nacional, Ariovaldo informou hoje (22) que, indiretamente, 30 mil pessoas equivalem "tranquillamente a mais de 200 mil pessoas".

Rocha lembrou que a crise da estatal, intensificada no segundo semestre do ano passado, gerou uma queda de emprego de 4% entre novembro de 2014 até fevereiro deste ano, passando de 82,4 mil para 79,1 mil. “Este número já caiu em abril e chegou a 72,9 mil”, acrescentou.

O sindicalista explicou que o problema começou quando a empresa Sete Brasil suspendeu o recurso para a construção de 28 sondas para Petrobras.

“A Sete Brasil tem contrato para construção de sondas com a Petrobras, e nós temos com a Sete. No nosso contrato, a empresa está sem honrar pagamentos desde novembro. Está insuportável”, disse Rocha, ao revelar que o volume de recursos atrasados soma de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão.

Governadores e representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical foram convidados para o debate, de modo que relatassem a situação em seus estados e setores de atuação. Entretanto, apenas o prefeito do município gaúcho de São Jerônimo, Marcelo Luiz Schreinert, compôs a mesa ao lado de Rocha.

Para Schreinert, a cidade gaúcha foi afetada pela rescisão do contrato da Petrobras com a Iesa Óleo e Gás, responsável por obras de exploração de petróleo. Segundo ele, antes mesmo do início das investigações, a empresa enfrentava dificuldades por causa de mudanças no projeto feitas pela estatal. O prefeito explicou que, com a rescisão do contrato, mil trabalhadores foram demitidos.

“O principal impacto em cidades pequenas, como o nosso caso, é na economia local. São atingidos restaurantes, hotéis e a empresa de onibus. Sobra tudo para os prefeitos, que têm de fazer a parte social e garantir condições para que as pessoas possam retornar [às suas atividades] ou sobreviver nos municípios”, destacou.

Ao descrever o contrato de obras em São Jerônimo, o prefeito disse que o total de recursos chega a US$ 900 milhões, gerando 4 mil empregos diretos e 8 mil indiretos. “Com a paralisia da Petrobras, ninguém assina cheque. Há uma inércia muito grande, e isso é incidência direta da Lava Jato. Ninguém decide nada. Por isso, os empreendimentos estão em stand by ,sem receber o que lhes é devido”, concluiu.