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Política

CPI aprova convocações de empresários envolvidos na Operação Lava Jato

Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 14/05/2015 - 12:49
Brasília
Os deputados federais da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades na Petrobras fazem uma visita técnica à sede da empresa no Rio (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
© Tânia Rêgo

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras aprovou hoje (14) parte dos 62 requerimentos elencados como prioritários pelo relator na comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). O colegiado tinha mais de 400 requerimentos na fila de votação. O parlamentar não incluiu na lista os pedidos de quebra de sigilos fiscal, bancário e telefônico dos ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu.

Parlamentares do PPS apresentaram o requerimento destacando que há relação entre as irregularidades na estatal e as consultorias praticadas pelos ex-ministros com empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato.

“Como esses empresários foram soltos para prisão domiciliar teremos oportunidade para ouvi-los”, disse Luiz Sérgio, ao explicar os critérios de sua lista de prioridades de requerimentos que gerou polêmica e acusações de colegas da comissão.

Leonardo Meirelles, doleiro ligado a Alberto Youssef e Rafael Ângulo, ex-funcionário da GFD Investimentos – empresa de Youssef – serão convocados pelo colegiado para esclarecer detalhes do esquema de distribuição de dinheiro. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) explicou que Ângulo era um dos entregadores de dinheiro do doleiro, assim como o ex-policial Jayme de Oliveira.

Os parlamentares também decidiram convocar o acionista e ex-conselheiro da petroquímica Triunfo, Caio Gorentzvaig, que se declarou prejudicado pela pressão política exercida por políticos para a venda de ativos de sua empresa e o empresário David Feffer. Para falar sobre a construção das refinarias Premium I e Permium II, a CPI ainda vai convidar Jorge Celestino Ramos (diretor de Abastecimento da Petrobras), Fábio Lopes de Azevedo, (diretor da Refinaria Lubnor), Paulo César Ribeiro Lima (consultor legislativo na área de recursos minerais) e representantes do Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros) Francisco Carlos Oriá Fernandes e Ascendino Dias Filho.

João Carlos de Medeiros Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil, será convocado para falar sobre as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Os parlamentares também querem ouvir os empresários Daniel e David Feffer, ex-sócios da empresa Suzano Petroquímica, comprada pela Petrobras, além de Cristina Palmaka, presidente da empresa de tecnologia SAP Brasil, de Ricardo Kummel Medina, diretor operacional da mesma companhia.

Os parlamentares da CPI também vão pedir cópias dos contratos da Petrobras com a SAP e com a Accenture do Brasil que também atua no mesmo setor. A CPI ainda vai pedir à estatal informações de ativos da Petrobras e de empresas compradoras de ativos desde 2005.

Hamylton Padilha, apontado em denúncia feita por João Augusto Rezende Henriques, ex-diretor da BR Distribuidora, como lobista na contratação, em 2009, de um navio-sonda da empresa Vantage Drilling, por US$ 1,6 bilhão de dólares, também será convocado assim como Henriques. O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), autor dos dois requerimentos aprovados, explicou que quer informações adicionais para esclarecer se houve irregularidades na negociação.

Serão convocados ainda os executivos do Grupo Schain Carlos Eduardo Schain, Milton Toufic Schain, Salin Toufic Schain, Rubens Toufic Schain e Pedro Schain. O relator Luiz Sérgio avaliou que o grupo tem “fortes indícios de fraude” na Petrobras apontados pelo Ministério Público na Operação Lava Jato. Outro executivo que volta à CPI é Roberto Mendonça, sócio da Toyo, que será convidado para fornecer mais informações sobre o pagamento de propina ao ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.

Os parlamentares querem acesso aos contratos de operações da Petrobras ou subsidiárias com os bancos Industrial and Comercial Bank of China Brasil, Banco Multíplo ICBC Brasil S A, Deutchebank e Banco Mizuho do Brasil. “Ter acesso ao modus operandi dessas instituições no desconto de contratos que tinham como lastro recebíveis da Petrobrás e saber se a Petrobrás aprovou às referidas operações”, destacou Arnaldo Faria de Sá.

Os requerimentos foram aprovados depois de mais de quase uma hora de negociações em torno da forma de votações. O início da reunião foi marcado por bate-bocas que levaram o presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), a intervir por mais de uma vez e chamar a atenção dos parlamentares lembrando que é um dos mais jovens parlamentares da CPI e que estava se sentindo envergonhado do comportamento dos parlamentares mais exaltados, comparando o clima criado a um jardim de infância.

O diretor de Operações e Participações da Sete Brasil, Renato Sanches Rodrigues, ainda será ouvido pela sub-relatoria da CPI. Rodrigues foi convocado para depor no início do mês mas alegou problemas de saúde e não compareceu.

A Sete Brasil é investigada por pagamento de propina ao ex-diretor da estatal Renato Duque. Em acordo de delação premiada, o ex-gerente de Tecnologia da Petrobras e também ex-diretor da Sete Brasil, Pedro Barusco afirmou que a empresa pagou propina a diretores da Petrobras nos contratos de construção de 28 sondas de perfuração. A Sete Brasil tem contratos de mais de R$ 20 bilhões com a estatal.

No último dia 7, o presidente da empresa, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, disse aos parlamentares da CPI que, quando surgiram as primeiras notícias da Lava Jato, foram feitas auditorias externas que não identificaram irregularidades nos contratos firmados com a Petrobras.