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Política

Crise econômica não deve atrapalhar obras do São Francisco, diz governo

Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 13/05/2015 - 19:37
Brasília

Os ministros da Integração Nacional, Gilberto Occhi, e das Cidades, Gilberto Kassab, adotaram hoje (13) um tom otimista em relação à conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco. Kassab afirmou que o ajuste econômico pelo qual o governo federal passa não deve influenciar os investimentos de sua pasta. Segundo ele, o ministério não sofrerá cortes nas obras que administra, apenas, ampliação de prazos.

O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, fala sobre os programas relacionados a sua pasta em audiência pública da Comissão de Integração Nacional da Câmara (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Para Gilberto Kassab, não haverá cortes no Ministério das CidadesWilson Dias/Arquivo/Agência Brasil

“Todos sabem que o Brasil vive um momento de ajustes na economia. Porém, no nosso ministério os impactos serão bem mais suaves, porque tratamos com muitos investimentos a longo prazo. Ou seja, não teremos cortes. Todos os programas serão preservados. Teremos apenas deslizamentos nos prazos”, disse Kassab.

As declarações otimistas de Kassab ocorreram durante audiência pública da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas.

O titular da Integração Nacional explicou que aguarda a reunião que definirá o orçamento, mas adiantou que o governo administrará a situação com os estados, municípios e empresas que realizam as obras de transposição do Rio São Francisco. “Saberemos administrar com estados, municípios e empresas, de modo que as obras tenham seu curso, e a gente possa passar por esse momento. A partir do ano que vem, as coisas devem ser aceleradas.”

Gilberto Occhi informou aos parlamentares que pretende entregar a obra até o fim de 2016. Em janeiro, ele havia declarado que as obras do São Francisco deveriam ser entregues no início do mesmo ano.

Kassab e Occhi receberam críticas sobre a demora na entrega da obra. O deputado Leônidas Cristino (PROS-CE) cobrou uma conclusão do trabalho de transposição. Ele lembrou que a obra estava com conclusão marcada inicialmente para 2010. “Tem de priorizar. Tem de ser prioridade da prioridade”, destacou. Preocupado com a complexidade da obra, o presidente da comissão, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), defendeu os prazos apesentados pelo governo.

Gilberto Occhi excplicou que o êxito da transposição do São Francisco passa pela revitalização das bacias que compõe o rio, a maioria localizada em Minas Gerais e Bahia. Segundo ele, o governo federal já investiu R$ 1,7 bilhão no trabalho de revitalização.

O ministros da Integração Nacional, Gilberto Occhi, durante coletiva no Palácio do Planalto, fala sobre segurança hídrica no país (Wilson Dias/Agência Brasil)

Gilberto Occhi acha que o êxito da obra passa pela revitalização das bacias do rioWilson Dias/Arquivo/Agência Brasil

Sobe a Região Sudeste, Gilberto Occhi esclareceu que o estado de São Paulo está com obras programadas, mas não deu detalhes. Segundo ele, obras em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais devem “dar uma resposta hídrica a esses três estados”.

Na audiência, o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, demonstrou preocupação com o futuro dos recursos hídricos do país e sugeriu que o Brasil aprenda com a atual crise. “A crise tem conotações diferentes. Ela se estende por quatro anos na região do Semiárido brasileiro e, pelo segundo ano consecutivo, atinge a Região Sudeste. Ela nos possibilita uma avaliação crítica e alertar para questões que precisam ser adotadas futuramente.”

Segundo ele, uma das medidas seria repensar a relação da disponibilidade de água por habitante em um dia. Para Guillo, na Região Sudeste cada habitante tem 211 litros de água disponíveis por dia. “Isso é muito ou pouco? Em alguns lugares, os níveis são iguais ou maiores, mas 211 litros por habitante/dia parece um nível muito elevado”, acrescentou.

“Aprendi com uma senhora no Semiárido que a primeira coisa que a chuva lava é a memória da seca. Precisamos manter aceso esse aprendizado. A grande maioria dos países que passaram por secas e aprendeu com elas passou a usar indicadores”, concluiu.