Venina Velosa confirma à CPI alertas sobre irregularidades na Abreu e Lima
Sem qualquer novidade em relação ao depoimento já prestado à Justiça Federal, em fevereiro deste ano, a ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca confirmou hoje (22), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que informava “sistematicamente” as diretorias da estatal sobre irregularidades identificadas no projeto da Refinaria do Nordeste (Rnest), batizada de Abreu e Lima, na compra e venda de bunker (combustível de navegação) e em relação às irregularidades da Gerência de Comunicação do Abastecimento.
“Meu papel era tratar do orçamento: se [o orçamento das obras] estava dentro do previsto e se era viável economicamente”, explicou. Venina, que já tinha sido remanejada para a gerência do escritório da empresa em Cingapura, onde ficou por dois ano, soube do desligamento da estatal em 2004, por meio da imprensa. “Quando voltei ao Brasil, a primeira coisa que fez foi ir ao Ministério Público, e disse o que sabia”, lembrou.
Em depoimento à Justiça Federal, em fevereiro deste ano, Venina, que afirma que seu afastamento ocorreu em função das denúncias que fez sobre desvios na empresa, confirmou o pagamento de propina e o cartel de empreiteiras que prestavam serviços à Petrobras. Segundo ela, a contratação das empresas era feita pela Diretoria de Serviços e Engenharia, então comandada por Renato Duque. Hoje, ela reiterou as informações, e também confirmou que houve uma "escalada de preços" nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Segundo ex-gerente executiva, essa escalada de preços ocorreu por decisão de Duque, que desaprovou o novo modelo de contrato sugerido por sua área, que definiria marcos para o cumprimento de medidas para cada empreiteira, e responsabilizaria as empresas, em caso de prejuízos. “O cerne do novo contrato era amarrar marcos que deveriam ser cumpridos, para depois não acontecerem aditivos. Você teria a visão do projeto como um todo”, destacou, afirmando que a ausência destes prazos “facilitou o cartel de empresas”, que teve como principal causa a superestimação de orçamentos.
Venina ainda disse que o ex-gerente Paulo Roberto Costa apontou para a sala de Sérgio Gabrielli e para a foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando ela apresentou a denúncia. Ela disse que foi neste momento que Costa a perguntou se ela “pretendia derrubar todo mundo”. Segundo Venina, a área tinha um orçamento inicial de R$ 38 milhões. “Descobrimos um desvio de mais de R$ 100 milhões, porque os contratos foram fracionados, os pagamentos eram feitos sem que houvesse a entrega de produtos”, disse.
A ex-gerente da estatal voltou a afirmou que outro funcionário da área jurídica da empresa - o gerente Fernando de Castro Sá - também foi afastado das funções após denunciar reuniões em que contratos aditivos eram negociados, em julho de 2009.