Manifestação contra Dilma e Lula ocupa avenida litorânea no Recife
Uma manifestação contrária ao Partido dos Trabalhadores (PT), à presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula ocupou esta noite (17) a avenida litorânea do bairro de Boa Viagem, zona nobre do Recife. Desta vez o ato não contou com estrutura de trios elétricos ou carros de som. Segundo os presentes, a adesão foi espontânea.
Como em eventos anteriores, o grupo protestou pelo impeachment de Dilma Rousseff, mas se mobilizou hoje, também, contra a nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil. O grupo, bem menor que a multidão do último domingo (13), defendeu a prisão do ex-presidente com cartazes, faixas e bonecos infláveis de Lula vestido de presidiário. Um cachorro da raça Golden retriever seguiu envolto na bandeira do Brasil como mascote da manifestação.
Os movimentos locais Direita Pernambuco e Estado de Direito, que defendem o nome do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para a presidência da República, participaram do ato. Diego Lagedo, do Estado de Direito, disse que o movimento defende o impeachment, mas só vai discutir um projeto político para o país no futuro.
“Temos que seguir a lei. Se ela sai, fica o vice [Michel Temer]. Mas se ele também estiver envolvido em escândalos, o que a gente vai seguir é pedindo também a saída dele. Quando ao projeto de poder, vamos discutir em outro momento, nas eleições. Agora não é o momento, é para pedir a saída da Dilma”, disse.
Não só movimentos organizados apontavam Bolsonaro como um nome para a presidência. A mercadóloga Marilene Paiva, de 63 anos, moradora de Boa Viagem, disse que vem participando em todas as manifestações, mas o foco é a luta contra a corrupção e o apoio ao juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo da Operação Lava-Jato.
“Eu acho que pelo fato de apoiar o juiz, você já apoia o pacote, que seja: o impeachment da Dilma, que não tem mais como ficar, a prisão do Lula, pois está aí para todo mundo ver a roubalheira dele. É lógico que vamos precisar de uma intervenção para que outra pessoa assuma, porque não adianta sair a Dilma e entrar o Temer”, defende. Ao ser questionada sobre quem seria esse representante, Marilene responde: “Acho que atualmente seria o Bolsonaro, porque ele é totalmente o contrário, para chegar em um meio termo, porque o Brasil está largado”.
Revoltada
Já a estudante universitária Marina Medeiros, de 20 anos, não se sente representada por um político ou partido atual. “Isso que é triste”. A moradora de Boa Viagem, foi ao ato pela primeira vez. Ela diz estar revoltada com a situação política do Brasil. “Não concordo com Dilma nem com Aécio, só quero um país melhor”, explica. Marina diz que “até agora” é a favor do impeachment, mas não sabe se vai resolver.
Gustavo Gesteira, porta-voz do movimento Vem Pra Rua, esteve no ato. De acordo com ele, a manifestação foi espontânea, embora a página do grupo nas redes sociais tenha convocado seus seguidores para o ato. “Depois do que aconteceu ontem, da gravação entre a presidente Dilma e Lula, que ficou claro que a nomeação para ministro da Casa Civil era uma manobra para livrá-lo da Operação Lava-Jato, as pessoas estão completamente indignadas, e o movimento Vem Pra Rua apoia as pessoas”.
O porta-voz do Vem Pra Rua também afirmou que o grupo não defende o nome de um político específico, como outros representantes presentes na manifestação. “O movimento não tem uma posição específica em relação ao Bolsonaro. Ele é mais um que está aparecendo diante da lacuna de lideranças organizacionais, mas os próximos dias, meses, anos é que dirão se ele se tornará um político de expressão ou se continuará simplesmente sendo um político com algum destaque por ser de extrema direita”, avalia Gesteira.
Tarde de manifestação
Mais cedo, às 17h, os dois grupos locais que defendem Bolsonaro para presidente do Brasil que participaram do protesto em Boa Viagem fizeram uma manifestação em um semáforo em frente a Praça do Derby, zona central do Recife. Eles levavam faixas e placas como “Fora PT, fora comunistas” e um banner com a foto do Bolsonaro.
O ex-oficial do Exército Hildernardo Ferreira, de 52 anos, é do Direita Pernambuco e disse que defende a tomada de poder pelas Forças Armadas. “Precisamos desinfectar o país. O vírus da corrupção está em todos os partidos. Nesse momento é preciso sanear. E para sanear vamos usar e exigir vários meios. O apoio ao juiz Sérgio Moro, o impeachment, e, até, se necessário for, a intervenção militar”, avisa. Um membro do grupo de skinheads Carecas do Brasil, movimento neonazista, também participou do ato, mas não quis dar entrevista.
Já os manifestantes contrários ao impeachment vão as ruas do Recife às 15h desta sexta-feira (18), também na Praça do Derby.