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Política

Ministro da Justiça pede que as pessoas “baixem a bola” nas discussões políticas

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 01/04/2016 - 13:56
Brasília
Brasília - A CNBB promove ato contra a intolerância política. Participam do encontro o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, o procurador dos Direitos do Cidadão, Aurélio Veiga Rios, e
© Marcello Casal jr/Agência Brasil

Brasília - Um ato contra a intolerância política foi realizado na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em Brasília. Participam d encontro o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, o secretário-geral

Ao lado de dom Leonardo Ulrich Steiner, Eugênio Aragão disse ser preciso desacelerar para enfrentar as dificuldades do pais Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, pediu hoje (1º) que as pessoas tenham calma durante os debates políticos. Ele disse que se preocupa com o sentimento de raiva e ódio que aflora por causa das divergências políticas e da intolerância a respeito de opções de vida de cada pessoa. “Precisamos baixar a bola, precisamos desacelerar para que tenhamos serenidade nesse momento, de modo a enfrentar as dificuldades do país. Está na hora”, afirmou.

Aragão participou hoje, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da assinatura de uma nota conjunta  conclamando o povo brasileiro a buscar uma solução pacífica para a crise política e repudiar qualquer forma de violência. Além do Ministério da Justiça e da CNBB, o Ministério Público Federal e o Instituto dos Advogados Brasileiros também pediram equilíbrio e racionalidade diante do atual cenário do país.

“Parece que há grupos de pessoas interessados no 'quanto pior, melhor'. Com isso, deixam o país com dificuldades de manter a qualidade de sua governança e a economia em suspenso e na insegurança”, acrescentou o ministro, esclarecendo que é preciso garantir que os três poderes funcionem regularmente.

Segundo Eugênio Aragão, como a votação das eleições presidenciais de 2014 terminou com uma diferença pequena entre os candidatos, “isso levou muita gente a achar que estava legitimado em trabalhar contra o resultado das eleições. Isso não é bom e pode nos infestar.” “É importante sim, na democracia, que haja revezamento no poder, mas esse revezamento só é possível de forma tranquila se todos nós enxergarmos o outro alguém tão legitimado quanto nós”, argumentou.

De acordo com o ministro, a Polícia Federal investigará os casos de criminalidade, como ataques a pessoas e a sedes de partidos e instituições. Ele adiantou o reforço da segurança para autoridades que estão passando por constrangimentos por causa de sua posição.

O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, disse que a nota das entidades é apartidária e que a CNBB não se posiciona contra ou a favor de um possível impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “A Constituição prevê o impedimento. O que é preciso verificar é se o motivo que se está dando tem fundamento ou não”, alertou dom Leonardo.

Brasília - Um ato contra a intolerância política foi realizado na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em Brasília. Participam d encontro o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, o secretário-geral

Também participaram do ato na CNBB o procurador dos Direitos do Cidadão, Aurélio Veiga Rios, e o representante do Instituto dos Advogados, Técio Lins e SilvaMarcello Casal Jr/Agência Brasil

Intolerância

Para o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Aurélio Veiga Rios, o documento das entidades é um alerta sobre os perigos da intolerância e das agressões físicas e morais, especialmente aquelas feitas pelas redes sociais.

“Têm nos preocupado as mensagens de ódio e ressentimento que passam pelas redes e que não chegam somente às divergências políticas, mas atingem às diversas categorias de pessoas, como negros, judeus, mulheres e gays.”

Conforme o ministro da Justiça, nas redes sociais as pessoas dizem coisas que não diriam se os interlocutores estivesse frente a frente. “Ele não olha nos olhos. Ele olha para um monitor e ali, me parece, afloram aqueles instintos mais primitivos das pessoas. Muitas vezes se escondem no anonimato. É a mesma fonte de perversidade que anima, por exemplo, a pornografia infantil na rede. É o anonimato.”.

Eugênio Aragão destacou que os conflitos dentro das famílias e dos grupos de amigos devem ser evitados. “É uma coisa que nos afeta na nossa profunda intimidade e isso cria uma cultura da insatisfação, de violência e até de uma psicose coletiva. Temos de ultrapassar isso para podermos resolver os problemas do país”, concluiu o ministro.