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Política

Nos dois lados do muro da Esplanada, comemorações e vaias a cada voto

Aline Leal e Yara Aquino - Repórteres da Agência Brasil
Publicado em 17/04/2016 - 18:50
Brasília
Brasília - Manifestantes a favor (que estão no lado direito) e contra (que estão no lado esquerda) o impeachment ocupam a Esplanada dos Ministérios durante o processo de votação na Câmara dos Deputados (Juca Varella/Agência Brasil)
© Juca Varella/Agência Brasil
Brasília - Manifestantes a favor (que estão no lado direito) e contra (que estão no lado esquerda) o impeachment ocupam a Esplanada dos Ministérios durante o processo de votação na Câmara dos Deputados (Juca Vare

Manifestantes a favor (que estão no lado direito) e contra (que estão no lado esquerda) o impeachment ocupam a Esplanada dos Ministérios durante o processo de votação na Câmara dos DeputadosJuca Varella/Agência Brasil

Com muito barulho, comemorações ou vaias a cada voto favorável ou contrário ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff,  milhares de manifestantes que estão na Esplanada dos Ministérios acompanham nos telões a votação no plenário da Câmara dos Deputados.

Cerca de 18 mil manifestantes, segundo a Polícia Militar, batucam, apitam e emitem gritos de ordem pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff do lado direito do muro construído na parte central da Esplanada dos Ministérios. Do outro lado, lideranças de movimentos sociais se revezam em discursos no carro de som posicionado acima do Congresso, em defesa do mandato da presidenta e contra  seu afastamento do cargo pelo Congresso.

As cores verde e amarelo predominam do lado de quem quer a saída da presidenta. Os manifestantes acompanham a votação que acontece na câmara dos deputados nos telões instalados ao lado dos ministérios, porém, em muitos momentos, o som é abafado pelos batuques.

Foram poucos os pais que trouxeram crianças para a Esplanada neste domingo. “Eu trouxe das outras três vezes, mas hoje fiquei com medo de ter violência”, disse Fabiane Pereira. Desempregada, ela disse que sua mãe teve que fechar seu pequeno empreendimento, onde vendia cosméticos em uma feira do Distrito Federal e também que teve que sair da faculdade porque não tinha mais como pagar. " Eu quero que ela [presidente Dilma] saia, e vou torcer para que quem vier seja melhor". Maria do Rosário, de 58 anos, mãe de Fabiane, diz que o país precisa de mudança. “Não temos emprego, saúde e nem segurança, não dá para continuar assim”.

 Brasília - Manifestantes favoráveis ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff se reúnem na Esplanada para assistir, por telão, a votação do processo (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Brasília - Manifestantes favoráveis ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff se reúnem na Esplanada para assistir, pelo telão, a votação do processo Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A organização Limpa Brasil, de Ribeirão Preto, trouxe uma bandeira verde e amarela, de 85 metros de comprimento, com os dizeres “Somos todos Moro”, em apoio ao juiz Federal Sérgio Moro, que comanda a Operação Lava Jato."O vice-presidente vai ter uma chance de melhorar, vendo que o país está descontente. Com o PT, não dá para continuar", disse Paulo Junqueira, membro da organização. Segundo ele, pelo menos três ônibus vieram da cidade paulista trazendo membros da organização. Segundo ele, “Cada um pagou suas despesas, somos totalmente apartidários”. No vão de 40 metros que separa os manifestantes do muro central da Esplanada, policiais estão atentos às movimentações. A polícia também circula de moto e a pé entre os manifestantes.

Para a advogada Ana Cláudia Nunes, de 39 anos, o momento é triste para o país. " Não acho que tenha ninguém que possa substituir a presidente, mas a saída dela é um passo para a mudança que o Brasil precisa", disse, e acrescentou que a mobilização deve continuar com ou sem impeachment.

O empresário de Brasília Breno Garcia, de 32 anos, também é favorável ao impeachment. Presente em todas as manifestações pela saída de Dilma Rousseff, ele diz que sentiu na pele as mudanças negativas na economia do país. " Minha empresa tinha quinze funcionários, agora somos só quatro. A gente trabalha com licitações do governo federal, e eles estão com contas atrasadas com a gente há treze meses".

Cartazes de apoio ao juiz Sérgio Moro e contra a distribuição de cargos pelo governo para conseguir votos estão nas mãos de muitos manifestantes.

Entre os manifestantes que defendem a presidenta Dilma Rousseff e são contra o processo de impeachment em votação na Câmara dos Deputados,  há pessoas de diversos estados e diferentes idades, que trouxeram para a Esplanada, inclusive, crianças e bebês. Boa parte das pessoas está vestida com camisetas vermelhas, representando movimentos e entidades como CUT, MST, Conta e sindicatos.

Ao longo da Esplanada, há faixas com frases como “Não ao golpe” e "Abaixo o golpe. Impeachment não". Foram distribuídas impressos da capa da Constituição com a frase " Se rasgarem a Constituição, seremos um país sem lei".

Brasília - Manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff se reúnem na Esplanada para assistir, por telão, a votação na Câmara dos Deputados (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff  acompanham voto a voto na Esplanada dos Ministérios  Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Um grupo de cerca de 40 indígenas de etnias como Terena, Guajajara e Xacriaba, favoráveis à presidenta Dilma Rousseff se reuniu ao lado do Ministério da Justiça, em uma roda onde entoaram cânticos. "Vamos lutar contra o golpe e pelos nossos direitos. Queremos manter a presidenta Dilma e garantir que nossos direitos sejam respeitados", disse o indígena Hélio Sampaio da reserva Xacriaba, de Minas Gerais.

Os manifestantes contra o impeachment da presidenta Dilma acompanham a votação em quatro telões instalados do lado esquerdo da Esplanada.De acordo com a Polícia Militar, às 18h30 havia  57 mil manifestantes dos dois lados do muro da Esplanada dos Ministérios, dos quais 40 mil a favor e 17 mil contra o impeachment. O efetivo da PM no policiamento da área é de três mil homens e os bombeiros têm 320 militares em serviço.

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