Juiz mantém prisão de Paulo Bernardo e demais investigados na Custo Brasil
Terminou por volta das 15h30 a audiência de custódia do advogado Guilherme de Salles Gonçalves, que foi preso na Operação Custo Brasil. Gonçalves, que estava em Portugal e chegou ontem (26) ao Brasil, foi ouvido na tarde de hoje (27) pelo juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Federal Criminal, em São Paulo. A audiência teve início por volta das 14h30.
Gonçalves e o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, que se entregou na última sexta-feira (24), eram os únicos que não tinham sido presos durante a Operação Custo Brasil na quinta-feira (23), quando foi deflagrada a ação, que apura um esquema de desvio de verbas no sistema de gestão do crédito consignado no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Nove presos na operação já tinham sido ouvidos pelo juiz na sexta-feira (24), também em audiências de custódia: o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, Joaquim José Maranhão da Câmara, Daisson Silva Portanova, Dércio Guedes de Souza, Emanuel Dantas do Nascimento, Nelson Luiz Oliveira Freitas, Washington Luis Viana e Valter Correia da Costa, ex-secretário de municipal de Gestão de São Paulo. Já o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que também teve mandado de prisão expedido na operação, já estava sob custódia em Curitiba.
Após a audiência de custódia de Gonçalves, o último a ser ouvido nesta segunda-feira, o juiz decidiu manter presos todas as pessoas que foram detidas na operação.
“A decisão do juiz da 6ª Vara Criminal foi de que os motivos da prisão preventiva permanecem." Isso significa que todos os investigados que foram presos no âmbito da Operação Custo Brasil continuarão na prisão, disse o procurador da República Rodrigo de Grandis.
Segundo o procurador, os dez presos que estão em São Paulo continuarão detidos na sede da Superintendência da Polícia Federal na Lapa, zona oeste da capital, onde deverão ser ouvidos até o fim desta semana.
De Grandis acrescentou que o Ministério Público tem “vários elementos” para acusar os investigados. “Não só colaborações premiadas, mas elementos documentais, provas técnicas e e-mails”, afirmou.
Outro lado
Na saída, o advogado de Gonçalves, Rodrigo Sánchez Rios, disse que seu cliente sempre agiu de forma transparente e que hoje ele falou ao juiz “sobre a origem dos contrato e os trabalhos que ele prestou para a Consist durante cinco anos”. A Consist é a empresa apontada como responsável pela gestão do esquema de crédito consignado montado no Ministério do Planejamento
“Em nenhum momento, pela perícia que apresentamos, há uma retirada de dinheiro vultoso do escritório destinado a algum servidor público”, disse o advogado a jornalistas.
Segundo o advogado, Gonçalves está sendo acusado de ser lobista ou instrumento do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. “Isso é denegrir a imagem de um profissional que tem anos de experiência na área de direito eleitoral e administrativo, um advogado reconhecido em Curitiba e no Brasil inteiro”, afirmou Sánchez Rios.
O advogado admitiu que seu cliente prestou serviços para a Consist. Sánchez Rios informou que amanhã (28) deverá apresentar ao juiz um pedido de soltura de Gonçalves, entregando ao magistrado os contratos feitos entre o escritório de advocacia e a Consist. “A defesa insiste que isso [a prisão] é desproporcional e desnecessário. Não há nenhum dado que prove que, eventualmente, esse valor recebido por um advogado tenha sido repassado para um servidor público.”
Bumlai
Para ser ouvido em outro processo, o pecuarista José Carlos Bumlai também esteve na tarde de hoje na sede da Justiça Federal em São Paulo. Bumlai participou de uma acareação com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares no processo da Operação Lava Jato. Bumlai participou da acareação por videoconferência de São Paulo e Delúbio, em Curitiba, na Justiça Federal.
O pecuarista deixou a sede da Justiça Federal por volta das 15h30, acompanhado de advogados, sem falar com a imprensa.
Os advogados disseram aos jornalistas que estão impedidos, por ordem de judicial, de falar sobre o processo.
Defesa do ex-ministro
Em nota, a defesa de Paulo Bernardo disse que o depoimento de Gonçalves comprova que o ex-ministro não se beneficiou do esquema da Consist e que sua prisão preventiva foi injustificada e deve ser revista.
“Ficaram claras a origem dos pagamentos recebidos pelo Sr. Guilherme Gonçalves e o destino por ele dado a esses valores, sem qualquer envolvimento de Paulo Bernardo. Com isso, ficou comprovado, de maneira ainda mais evidente, que não há razões que justifiquem a prisão preventiva de Paulo Bernardo, já que, além de ausentes os requisitos técnicos da medida extrema, também não há qualquer indício de autoria com relação a ele”, argumentam os advogados.
*Texto atualizado às 21h55 para acréscimo de informações da defesa de Paulo Bernardo