Programa Diálogo Brasil desta segunda-feira discute violência policial
A alta letalidade das intervenções policiais, que provocou, em 2015, 3.320 mortes no país, será um dos assuntos do programa Diálogo Brasil, transmitido hoje (3), às 22h, pela TV Brasil.
A omissão do Estado seria um fator de peso na piora da segurança do brasileiro e é denunciada por alguns especialistas. "O Estado não tem dinheiro para pagar o salário, mas tem dinheiro para comprar armamento", afirma a jornalista Lena Azevedo, especialista em segurança pública e representante da Justiça Global, uma das convidadas do programa.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de mortes decorrentes de operações de policiais civis e militares deu um salto de 1.029 para 1.778, se comparado aos anos de 2010 e 2015. Em 2015, 1.542 pessoas foram mortas por agentes em ações fora do expediente.
Além dos alertas da Anistia Internacional, que destacou o agravamento da crise da segurança pública no Brasil como um dos principais problemas do país em 2014, a Human Rights Watch amplia a discussão. Em relatório deste ano, sustenta que “embora algumas das mortes causadas pela polícia resultem do uso legítimo da força, outras são execuções extrajudiciais”.
A organização diz ainda que as violações “contribuem para um ciclo de violência em áreas de alta criminalidade, debilitando a segurança pública e colocando em risco a vida dos policiais”. No estado de São Paulo, segundo a Secretaria de Segurança Pública, 222 policiais morreram em confrontos com criminosos, entre 2012 e 2016.
Em relatório final, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Assassinato de Jovens (CPIADJ), de autoria da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), afirmou que “as táticas e as abordagens utilizadas pelos responsáveis pela segurança pública do país se assemelham àquelas utilizadas em guerras”. A solução seria criar uma “’polícia cidadã’ que, independentemente da cor, sexo ou condição econômica do cidadão, o enxergue como o destinatário de um serviço público.”
Estatísticas recentes confirmam também os incontestáveis impactos da brutalidade e da impunidade dos agentes no recorte étnico. O Atlas da Violência 2017, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que os negros têm chances 23,5% maiores de serem assassinados.
Outro entrevistado do programa, o consultor em segurança pública e doutor em educação policial George Felipe de Lima Dantas concorda com o caráter de urgência do assunto. "A violência gratuita e deliberada contra a comunidade não deve ser tolerada", diz.
A edição também contará com a participação, por vídeo, da diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, do ouvidor da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Julio Cesar Fernandes Neves, do presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (Aspra), Vanderlei Ribeiro, e do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e estudioso da segurança pública Ignácio Cano.