Brasil e EUA criam fórum bilateral para repartir dados estratégicos
Lançado hoje (22), em meio a reuniões bilaterais dos dois países para debater a situação da Venezuela, o Fórum de Segurança Brasil-Estados Unidos promete incrementar a parceria no compartilhamento de inteligência e informações em crimes com abrangência internacional como lavagem de dinheiro, tráfico de armas e de pessoas, crimes cibernéticos, terrorismo e narcotráfico.
A informação foi prestada pelo pelo vice-secretário de Estado dos EUA, John J. Sullivan, número dois do Departamento de Estado, durante o lançamento. “Os desafios de segurança estão se tornando cada vez mais complexos e internacionais, e abordar esses desafios exige resposta sofisticada”, disse o secretário.
Segundo Sullivan, a intenção é compartilhar informações entre agência e atores que tenham atuação em cada uma dessas áreas. “Acreditamos que esse foro não deve ser simplesmente algo intangível, devemos ter resultados concretos, e juntos sinalizar para aprofundar acordos em andamento”, acrescentou.
O ministro interino das Relações Exteriores, embaixador Marcos Galvão, destacou que o mecanismo busca criar condições favoráveis para a articulação entre agências de governo e o desenvolvimento de estratégias operacionais.
“Agências já desenvolveram nos últimos anos um importante marco nessa área, principalmente a partir das Olimpíadas, em 2016. Essa cooperação firmada hoje passa a responder ainda mais às necessidades reais de segurança pública”, disse. “O formato criado permite estruturar melhor as iniciativas, aprofundando a cooperação já existente”, acrescentou.
O Fórum começou a ser planejado no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente norte-americano Barack Obama, em 2015. Mas as negociações foram suspensas ainda em 2015, depois que vazou a existência de monitoramento das conversas telefônicas da presidente e altos funcionários do governo brasileiro pela inteligência norte-americana.
A primeira reunião de trabalho do Fórum está prevista para ser realizada ainda este ano, em Washington, DC.
Venezuela
Além do lançamento do fórum, também foram realizadas reuniões para discutir temas como comércio e investimento, cooperação espacial, e defesa. “O secretário-geral e o vice-secretário celebraram a troca de notas que completa o processo de ratificação do Acordo sobre Transportes Aéreos (acordo ‘Céus Abertos’). Eles também saudaram a retomada das negociações do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas”, informou o Itamaraty em nota.
Na ocasião, também foi debatida a situação da Venezuela. Um dos tópicos de conversação foi “o apoio regional à restauração da democracia” no país vizinho.
“A ocasião também serviu para uma troca de ideias a respeito das questões regionais mais relevantes, incluindo a resposta à crise política, econômica e humanitária na Venezuela, à luz do pleito de 20 de maio que careceu de legitimidade e credibilidade, bem como questões globais, com destaque para a desnuclearização da Península Coreana”, disse o Itamaraty.